segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O que acontece dentro do nosso corpo humano!

Um quatrilhão. Esse é numero de conexões que se formam entre os neurônios do nosso cérebro. O doutor Drauzio Varella explica o que acontece dentro da gente.

Essa criatura estranha que aparece no vídeo. É você. Ou melhor, você, três semanas depois da concepção. Foi neste momento que seu cérebro nasceu.

Nessa fase, era só um punhado de células e virou uma rede complexa com 100 bilhões delas. Cheias de conexões que se formam a cada estimulo, desde muito, muito cedo. O reconhecimento do rosto da mamãe. O registro do cheiro da pele do pai. E as imagens intrigantes de um mundo novo. Completamente desconhecido.

A porta de entrada dessas imagens é o buraco negro que você vê no centro do olho, é a nossa lente natural, o cristalino, por onde passam os raios luminosos

A luz atinge o fundo do olho, essa camada vermelha. A retina.

Nela, existe uma floresta formada por 125 milhões de células sensíveis à luz.

Cada uma delas capta um pedacinho do que estamos vendo e envia essa informação para o cérebro. É ele que vai juntar os fragmentos e montar a imagem completa.

Nós enxergamos com o cérebro, não com os olhos. Um exercício que começou ainda no útero materno.

Com a claridade que atravessava o corpo da mãe, o bebê já fazia os primeiros treinos para enxergar. Só que via tudo em preto e branco.

É só depois do nascimento que surgem células com a missão especifica de detectar as cores.

Elas vão se agrupar numa área da retina que adquire a forma de um vulcão: a mácula.

É nessa área, que só fica pronta aos quatro anos de idade que a visão atinge o máximo de nitidez. E de flexibilidade.

Para descobrir o poder de adaptação nessa fase, vamos para a Ilha de Kossurím, no sudeste da Ásia. Lá, mora o povo mokaen, também conhecido como os ciganos do mar.

Para sobreviver por lá, desde pequenos, eles aprendem uma habilidade incomum.

Quem já abriu os olhos debaixo d’água, sabe: o normal é que a visão fique embaçada.

Isso acontece porque a claridade nesse ambiente é menor. E a reação natural do olho é dilatar as pupilas pra aumentar a captação de luz.

O problema é que com as pupilas dilatadas, fica mais difícil focalizar as imagens. Aparece tudo meio borrado.

Mas com os ciganos do mar ocorre justamente o contrario.

Uma câmera infravermelha revela que, debaixo d’água, eles aprenderam a contrair a pupila ainda mais. Enxergam o fundo do mar com duas vezes mais nitidez do que qualquer um de nós.

Estudos recentes mostram que qualquer criança com treinamento seria capaz de aprender o que esses meninos fazem. E é justamente nos primeiros anos de vida que o cérebro está mais aberto a transformações.

Os bebês desenvolvem suas habilidades a partir dos circuitos que se formam entre os neurônios.

São 100 bilhões de neurônios. E cada um estabelece em media dez mil conexões diferentes.

Imagens mostram em tempo real como os neurônios vão espichando seus braços para se comunicar uns com os outros. É assim fixar as informações e o aprendizado.

Aos seis meses, o pensamento de Fíbe é extremamente simples. Se a rosto da mãe sai do campo de visão, o bebê acha que ela sumiu do mundo.

Quando a mãe reaparece a menininha volta a ficar feliz.

Três meses mais tarde, aos nove meses, Fíbe já sabe que a mãe está apenas se escondendo. Aprendeu com a brincadeira.

É nesta fase da vida, perto de completar um ano, que os bebês formam uma conexão de neurônios fundamental, a que vai ligar a cabeça aos pés. E levar o bebê a seus primeiros passos.

A habilidade de adquirir equilíbrio e coordenar os movimentos do corpo é tão complexa que a área do cérebro dedicada a cumprir essa tarefa tem metade de todos os neurônios do cérebro.

Não há uma idade certa pra começar a andar. Mas se existe um lugar no mundo onde essa fase acontece mais cedo, é em um vilarejo no norte da Republica dos Camarões, na África.

Uma região montanhosa onde as mães cumprem um ritual diário pra tirar os filhos das costas.

Com um mês de vida, a pequena Kóssini já era estimulada a dar pequenos pulinhos.

Com esse movimento, ela estica as perninhas e ativa o reflexo da marcha - um reflexo que todos os bebês têm, mas acabam perdendo depois de quatro ou seis semanas.

Aos sete meses, Kóssini está prestes a ficar em pé sozinha. Mas antes que essa proeza seja possível, existe uma parte do corpo que o cérebro precisa aprender a usar. É uma caverna que fica dentro da cabeça. Vizinha da parte interna do ouvido

Um labirinto de túneis imersos em liquido que formam três canais circulares. Dentro deles, um tapete de cílios muito sensíveis.

Quando você mexe a cabeça, o liquido balança dentro dos canais. Ativa os cílios e gera uma corrente elétrica que revela para o cérebro a posição em que o corpo se encontra. É assim que adquirimos equilíbrio.

Para andar, o cérebro precisa aprender a sentir quando o corpo se desequilibra para um dos lados.

E orientá-lo a voltar para o centro. Tudo numa fração de segundo. Kóssini está indo muito bem.

Em pouco tempo, vai se juntar a Tizeme, seu meio irmão. Com apenas dez meses, o menino já está todo independente. Ninguém segura mais.

Com um ano de idade, o cérebro já criou de quinhentos trilhões de conexões entre os neurônios. Agora você pode enfrentar quase todos os desafios que a vida impõe, entre eles, o que mais nos diferencia dos outros animais. A capacidade de falar.

Nesta fase, a criança esta apta a aprender qualquer uma das sete mil línguas faladas pelo homem. E pode aprender muito mais, quer ver?

Desde pequena, Wendy tem aulas de conversação com professores de várias partes do mundo.

Gente da Índia, da Espanha, de Portugal, da Rússia e até do Iêmen, no Oriente Médio.

Aos 11 anos, ela já consegue se comunicar em onze idiomas diferentes. Mas falar é apenas metade dessa historia.

Para que as palavras tenham significado, elas antes precisam atingir as profundezas do cérebro.

O som que entra pelo ouvido faz vibrar essa membrana cinzenta: o tímpano, porta de entrada para a audição.

Do lado de dentro do tímpano, as vibrações serão transmitidas para estes três ossinhos, os menores do esqueleto humano.

Por causa do formato, o último deles leva o nome de estribo. É menor do que um grão de arroz.

Quando o som é muito forte, um pequeno músculo que parece um fio afasta o estribo da parte mais sensível do ouvido interno, para protegê-lo.

Nessa hora, você fica um pouco surdo.

O som continua sua viagem para dentro do ouvido. Até encontrar uma estrutura cheia de liquido e de cílios, que agem como sensores supersensíveis. A cóclea. Dentro dela, as ondas sonoras balançam os cílios.

São 30 mil sensores que captam as diversas características do som. Enviadas em minúsculos fragmentos para o cérebro. Você não escuta com os ouvidos.

Assim como na visão, é o cérebro que monta esses fragmentos e identifica cada som.

Antigamente se pensava que o cérebro atingia a maturidade completa aos 20 anos. Idade. Hoje, sabemos que ele está sempre pronto a aprender coisas novas. Até o fim da vida.

Erik Weihenmayer não é um aventureiro qualquer. Ficou cego aos 13 anos. E hoje vai enxergar. Com a língua. Da forma mais arriscada possível. Escalando este penhasco imenso, no deserto de Moab, nos Estados Unidos

Primeiro, ele coloca óculos de sol especiais, equipados com uma câmera.

A função dela é enviar as imagens para um minicomputador preso na cintura de Erik.

O equipamento então simplifica o cenário captado pelos óculos, preservando o relevo e os contornos.

As imagens são transmitidas para uma das partes mais sensíveis do corpo

É na língua que sensores elétricos minúsculos descarregam os sinais captados pela câmera.

Erik sente pontinhos que juntos formam linhas e contornos. O cérebro recebe essas sensações e com elas, monta uma imagem rudimentar.

Depois de 30 anos na mais completa escuridão, ele voltou a enxergar.

Domingo que vem, vamos explorar os fenômenos raros que podem mudar os rumos de uma gravidez. E você vai acompanhar pela primeira vez a formação completa do rosto de um bebê, ainda dentro do útero. Até lá. 

GESTO MAIS LINDO DO MUNDO, SIGAM O EXEMPLO SALVE VIDAS!!!


Gêmeas se oferecem para doar rins para irmãos também gêmeos

Dois rapazes gêmeos, idênticos, descobrem que têm um grave problema nos rins. Os dois precisam de transplante. E as irmãs mais velhas, também gêmeas idênticas, se oferecem para doar os órgãos.
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Dois irmãos a caminho de uma cirurgia que pode mudar a vida deles. “Espero que a gente saia daqui com muita saúde. Eu e ela. Ela vivendo a vida dela e eu vivendo a minha vida”, diz Fabio, antes de entrar no centro cirúrgico.

É o final feliz que eles esperam para o drama que começou há um ano. “Eu comecei a sentir um incômodo, uma dor assim, uma pressão na nuca”, conta Fábio. Depois de vários exames, Fábio descobriu que tinha um problema grave nos rins. “Descobriu meu rim já tava com 70% já falhando já”, conta.

O irmão gêmeo dele, Fabiano, foi o primeiro a saber do resultado. “Vou ter que fazer os exames também, numa dessa eu não tenho nada, eu posso ter também”, conta Fabiano Gomes da Silva, supervisor administrativo.

E tinha. Os rins de Fabiano também estavam muito comprometidos.

Qual foi a tua reação? “De, assim de não poder ter ajudado ele, na verdade, porque...”, Fabiano diz que gostaria de ser o doador se fosse o caso.

A saída era o transplante. E a esperança estava bem ao lado - nas irmãs mais velhas, Silvana e Luciane, também gêmeas idênticas.

“Eu já falei na hora, falei assim "se tiver que fazer o transplante eu quero ser a doadora", conta Luciane Gomes da Silva, professora.

“Eu falei "o que eu vou poder ajudar? Eu vou poder doar meu rim pra ele", conta Silvana Gomes da Silva, professora.

Se não encontrassem doadores na família, os gêmeos teriam que entrar na fila de transplantes. Mas não foi preciso. Os testes revelaram que as irmãs eram compatíveis.

“Quando há um laço familiar, a compatibilidade é muito melhor, quanto melhor a compatibilidade entre eles, a chance de sucesso com o transplante é muito maior”, afirma José Francisco da Silveira, coordenador de transplantes Santa Casa de Maringá.

Tudo acertado, só faltava definir as duplas: quem doaria pra quem? A solução foi voltar no tempo, lembrar das brincadeiras de infância.

Quando as meninas brincavam de casinha, faziam de conta que os irmãos bebês eram filhos.
Silvana cuidava do Fábio e Luciane, do Fabiano.

“A gente tinha que cuidar deles, então, pra brincar, a gente falou então, eu vou cuidar sempre do Fabiano, você cuida sempre do Fábio”, conta Luciane.

“Como era uma diferença de sete anos de idade, e é dois irmãos e duas irmãs, elas mais velhas, então elas, uma cuidava de um e uma cuidava do outro”, conta Fábio.

Na hora de definir a ordem das cirurgias, o critério foi o estado de saúde dos gêmeos. Com os rins um pouco mais comprometidos, o Fábio vai fazer o transplante primeiro.

A internação foi na última quarta-feira. Fábio chegou ao hospital ansioso. Devagarzinho foi baixando a angústia. “Já tô bem mais tranqüilo”, diz ele.

Silvana estava num quarto na mesma ala. “Se pudesse ser hoje pra mim era melhor”, diz Silvana. O conforto veio num abraço do Fábio.

Silvana - Te amo muito, tá?
Fabio - Obrigado, tá?

Quinta-feira, quase uma hora da tarde. Chegou a hora. Fábio e Silvana são levados para o transplante.

Por causa do risco de contaminação lá dentro, o Fantástico não foi autorizado a acompanhar as cirurgias que serão feitas por 2 equipes médicas.

Os irmãos serão operados quase que ao mesmo tempo, em salas que ficam frente a frente. O rim esquerdo de Silvana será retirado e, em seguida, colocado no lado direito do corpo de Fábio. Os médicos optaram por deixar os rins doentes porque eles não ofereciam nenhum risco de infecção.

Na sala de espera, a hora parece que não passa. “A gente tá aqui a todo momento esperando uma notícia”, diz a mulher do Fábio.

Sete horas depois, Silvana surge no corredor. E recebe o carinho de Fabiano. “Deu pra dar só um tchauzinho pra ela, mas ela já deu um sinal falou que tá tudo bem, então, já deixa a gente mais animado, confiante”, diz Fabiano.

Agora, a espera é por notícias de Fábio. Na porta do centro cirúrgico, a mãe, Dona Maria, não segura a ansiedade. Até que o filho aparece, depois de oito horas lá dentro.

“Agora eu to mais aliviada, acabou aquele nervoso um pouco”, conta a mãe dos gêmeos.

Fábio é levado direto para um quarto onde vai receber cuidados especiais.

“Um paciente jovem, ele tem uma chance muito grande de retornar à sua atividade de trabalho”, diz o médico.

Agora, a família torce para o transplante da outra dupla de irmãos, Fabiano e Luciane. A data ainda não foi marcada. Segundo os médicos, Fábio se recupera bem. Por enquanto ele não pode receber visitas, mas mandou uma mensagem pelo celular: “Brigado aí todo mundo que torceu por mim, minha irmã principalmente. Agradeço muito ela... E falar pro meu irmão e pra irmã que ainda vai passar por esse procedimento, que pode fazer tranquilo que tudo vai dar certo. E um abraço pra minha família toda, até mais”.

“Que lindo, esse é o Fábio que eu quero que continue assim, forte, com muita vontade de viver”, diz Silvana.

Transplantação de órgãos


Transplantação de órgãos


Nota: Este artigo refere-se aos procedimentos cirúrgicos de transplante de órgãos. Veja o artigo doação de órgãos para maiores informações gerais sobre o processo de doação de órgãos a serem transplantados.
Chama-se transplantação, ou simplesmente transplante, o ato de colher um órgão ou tecido, ou parte deles, de um indivíduo(doador) e implantá-lo(s) em outro indivíduo (receptor) (ou, no caso de tecidos, no próprio doador).
O primeiro dos transplantes que se assume como tal está imortalizado num quadro de Fra Angélico, onde se observa a intervenção dos santos Cosme e Damião, ao transplantarem a perna de um etíope negro morto, no diácono Justiniano, enquanto ele dormia.
De acordo com os subtipos de transplantações pode-se ter:
  • Transplantação autoplástica, que ocorre quando se transplantam tecidos do mesmo organismo, de um lugar para outro;
  • Transplantação heteroplástica, que é a transplantação de órgãos ou tecidos de um organismo para outro. E por sua vez, esta pode ser homóloga, se a transplantação ocorre entre indivíduos da mesma espécie;
  • Transplantação heteróloga ou xenotransplantação, se o transplante de órgãos ou tecidos ocorre entre indivíduos de espécies diferentes.

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As primeiras experiências de transplante, na antiguidade, visavam principalmente a reparar mutilações. No século VI a.C., cirurgiões hindus já faziam enxertos de tecidos. Em Alexandria, lesões do rosto e de outras partes do corpo eram atendidas com retalhos de pele. Entre os casos modernos de transplante, são particularmente importantes os de coração. As primeiras experiências nesse domínio datam de 1905, quando, dois franceses,
 Alexis Carrel e Charles Claude Guthrie, transplantaram o coração de um cão, que pulsou no corpo de outro durante cerca de uma hora. Vladimir Demikhov fez severos transplantes nos anos de 1930 e 1950, como a transplantação de um coração dentro de um animal e uma substituição de pulmão e coração em um animal.História

No homem, a primeira experiência foi feita pelo americano James Daniel Hardy. Em 1964, Hardy enxertou o coração de um chimpanzé num homem de 68 anos, que sobreviveu poucos minutos. Em dezembro de 1967, o sul-africano Christiaan Barnard conseguiu o primeiro êxito nesse tipo de operação, ao transplantar um coração de um humano para um paciente de 54 anos, em fase final de arteriosclerose coronária; o doente sobreviveu 18 dias, e morreu de pneumonia. A partir de então, inúmeros transplantes passaram a ser feitos, conseguindo-se sempre aumento de sobrevida.

[editar]Princípios éticos

Os transplantes reflectem questões éticas relativas à experimentação no corpo humano, às decisões políticas relacionadas com asaúde, e, em sentido mais amplo questionam os limites do conceito da dignidade humana.
Deste modo, existe pois um conjunto de três princípios gerais, nos quais, se incorporam intrinsecamente as questões dos transplantes.
O princípio da intangibilidade corporal, que reflecte a pertença do corpo à identidade pessoal, e como tal, merecedor da dignidade e da indisponibilidade inerente à pessoa humana. Desta forma, qualquer intervenção na integridade corporal é simultaneamente uma intervenção na integridade pessoal.
O princípio da solidariedade, que defende que sendo o homem um ser eminentemente social e portador da possibilidade de fazer um conjunto de sacrifícios em função do bem da comunidade, que dentro de estes sacrifícios devem incluir-se as dádivas de órgãos. Desde que estas não impliquem comprometimento da integridade vital.
O princípio da totalidade, acredita que sendo o corpo um todo, cada parte do mesmo deve ser avaliada de acordo com o todo. E por isso, cada parte (membro, órgão ou função), pode ser sacrificado em função do corpo, desde que isso seja útil para o bem-estar de todo o organismo.
Dentro de estes três princípios gerais, insere-se um conjunto de princípios específicos, que se prendem com a medicina das transplantações.
Assim, de acordo com o princípio da autonomia, a colheita de tecidos ou órgãos tem de passar pelo consentimento do doador e do receptor. Em ambos os casos, este apresenta-se como um consentimento informado.
O indivíduo tem a capacidade de decidir qual a informação sua, que quer manter em anonimato, regendo-se por o princípio daconfidencialidade.
Através do princípio da gratuidade, o órgão ou tecido apenas poderá ser dado e nunca vendido. Uma vez que este não é um objecto manipulável, mas é antes algo dotado de individualidade própria.
Inerente ao conceito de dignidade da pessoa humana, não existe transplantação do encéfalo (embora exista de tecidos cerebrais), bem como dos órgãos sexuais. Isto porque, estas duas situações parecem pisar a fronteira da identidade. Sobretudo, no que diz respeito aocérebro, em que se preserva a memória da vida, e por isso mesmo se assegura em última instância a individualidade.
Por fim, tem de se atender ao princípio da não discriminação, em que a selecção dos receptores só pode ser feita mediante critérios médicos.
Relativamente à avaliação moral das transplantações, no que diz respeito às transplantações autoplásticas, estas não oferecem qualquer problema moral desde que seja respeitado o princípio da totalidade. Da mesma forma as transplantações heterólogas são lícitas desde que não impliquem alterações da personalidade.
Nas transplantações homoplásticas, não se levantam problemas éticos, quando apenas se trata de uma parte do corpo que não afecta substancialmente o organismo nas suas funções. Porém, quando se trata de doações de órgãos inteiros, o problema assume maior complexidade. Assim, deve assegurar-se que o doador o faça em plena liberdade e devidamente informado dos possíveis riscos, e que as funções essenciais não sofram graves danos.
Finalmente, nas transplantações heteroplásticas, deve-se ter em conta, os riscos de alteração da personalidade que pode ocorrer no receptor. Pelo que a identidade da pessoa prevalece sobre qualquer utilidade que possa ter a transplantação.

[editar]Perspectiva jurídica

[editar]Em Portugal

Em todas as culturas do mundo, pode assistir-se à existência de problemas éticos relacionados com a prática da Medicina. Porém, os limites éticos e jurídicos decorrentes das intervenções no corpo humano assumem maior relevância, quando se fala de transplantes de órgãos e tecidos de origem humana.
Numa perspectiva jurídica, deve atender-se ao direito a um consentimento informado e ao sigilo médico; ao direito do homem sobre o poder do seu próprio corpo; ao direito do receptor recusar o tratamento, mesmo que isso implique a sua morte. Nos casos, em que a colheita é feita em cadáveres, discute-se ainda o direito da família recusar-se à colheita.
Em Portugal, a 22 de Abril de 1993, foi publicada a Lei 12/93, lei que regulamenta a Colheita e Transplante de Órgãos e Tecidos de Origem Humana. Esta, legisla em relação à colheita em vida, a admissibilidade, a informação, o consentimento e o direito a assistência e a indemnização. No que diz respeito, à colheita em cadáveres, a lei pronuncia-se relativamente a potenciais dadores, ao registo nacional (RENNDA), à certificação da morte, a formalidades de certificação e aos cuidados a observar na execução da colheita. Em ambas vigora, a confidencialidade e gratuidade da doação.
A presente lei confere o anonimato do doador e do receptor, proibindo a revelação da identidade de ambos. Para além disso, a dádiva de órgãos ou tecidos é assumida como gratuita, não devendo nunca ser remunerada e inviabilizando o seu comércio. Relativamente a este ponto, a Convenção para a Protecção dos Direitos do Homem e da Dignidade do Ser Humano face às Aplicações da Biologia e da Medicina, realizada em Oviedo em 1997 e entrando em vigor em Portugal em 2001, refere no seu Capítulo VII (sobre a proibição de obtenção de lucros e utilização de partes do corpo humano), artigo 21º: “O corpo humano e as suas partes não devem ser, enquanto tal, fonte de quaisquer lucros”.
legislação Portuguesa, e à semelhança de qualquer outra, apenas autoriza a colheita em vida de substancias regeneráveis (art. 6º). Porém, embora esta proibição seja absoluta para menores e outros incapazes, a titulo excepcional é permitida a dádiva de órgãos e substancias não regeneráveis, sempre que exista uma relação de parentesco até ao terceiro grau. Este tipo de norma restritiva pretende de algum modo, prevenir a comercialização de órgãos. Que mais tarde é reforçada em 2001, com a Convenção para a Protecção dos Direitos do Homem e da Dignidade do Ser Humano face às Aplicações da Biologia e da Medicina, com o seu capítulo VII, artigo 22º, onde é referido: “Sempre que uma parte do corpo humano tenha sido colhida no decurso de uma intervenção, não poderá ser conservada e utilizada para outro fim que não aquele para que foi colhida e apenas em conformidade com os procedimentos de informação e consentimento adequados”. No entanto, o artigo 6º para além de inviabilizar a solidariedade dúbia, elimina os verdadeiros actos de solidariedade que existem entre cônjuges e amigos.
Em relação aos dadores incapazes, está presente a distinção entre menores e incapazes por anomalia psíquica.
No que diz respeito, às doações de substâncias regeneráveis nos maiores incapazes por anomalia psíquica, só pode ser feita mediante autorização judicial (art. 8º/5). Para os menores, é suficiente a autorização dos pais ou do tribunal em caso de ausência de poder paternal (art. 8º/3), sem ser necessária uma autorização judicial. Nos menores que apresentam capacidade de discernimento, exige-se somente o seu consentimento expresso. Sendo a idade necessária para este tipo de consentimento, os catorze anos de acordo com oCódigo Penal (art.38º/3). Contudo, este valor não é estático, sendo adaptável ao acto médico em causa.
Por fim, os dadores têm o direito de ter um seguro obrigatório (art.9º/2), com o intuito de serem indemnizados por qualquer dano sofrido.
Em relação, à colheita de órgãos ou tecidos em cadáveres, a legislação opta por considerar como potenciais dadores quem não tenha manifestado ao Ministério da Saúde a sua qualidade de não dador. Surge assim, a criação do RENNDA (Registo Nacional de Não Dadores), este é um sistema informatizado, onde se encontram todos os que manifestaram junto do Ministério a sua total ou parcial indisponibilidade em doar post mortem, certos órgãos ou tecidos. O RENNDA está patente na publicação do decreto-lei 244/94, de 26 de Setembro.
Esta lei opta deste modo pela oposição ou o contracting/out, ao considerar que têm de ser os não dadores a manifestarem a sua vontade. Pelo que alguns autores defendem que assim pode não estar a ser feita a vontade real do cadáver, mas antes a sua vontade presumida.
De tudo o que foi referido até então, deve salvaguardar-se que: a transfusão de sangue, a dádiva de óvulos e esperma, a transferência e manipulação de embriões, bem como a colheita de órgãos para fins de investigação científica, são dotados de legislação especial.
Em Portugal, a colheita de órgãos ou tecidos está organizada da seguinte forma: ao Governo compete regular a organização e funcionamento do RENNDA. A Lusotransplante é responsável pela monitorização dos resultados, ou seja o “cross-match” entre dadores/receptores e terapêutica imunológica. E os Gabinetes de Coordenação de Colheitas e Transplantes têm também paralelamente à Lusotransplante toda a coordenação dos diferentes dados.
Finalizando, na nossa opinião a Lei 12/93 de 22 de Abril, apresenta duas grandes lacunas: em primeiro lugar, o não fazer qualquer referência à família, como passível de desempenhar um papel na expressão de vontade do falecido. Em segundo lugar, também a ausência de parecer, relativamente às xenotransplantações.

[editar]Doadores vivos

Um dos argumentos mais sólidos contra a doação por parte de estranhos assenta no fato de que a primeira responsabilidade de um médico é não fazer mal, e remover um órgão de uma pessoa saudável coloca-a sempre em risco (Ross, 2002). O argumento falha porque o princípio de não maleficência não é absoluto, ou seja, existem práticas médicas que podem causar um determinado mal ao doente apesar de serem para o seu benefício.
Se os benefícios para o doador (psicológicos e morais) ultrapassarem os riscos para o mesmo (físicos e morais) então a doação é moralmente aceitável. O argumento de não maleficência também falha porque tem uma noção de mal muito limitada, ou seja, apenas considera o mal físico. As pessoas também podem sofrer psicologicamente se forem impedidas de doar um órgão.
O principal argumento moral que apoia a doação de órgãos por parte de estranhos é baseado no princípio de respeito pela autonomia“Se um adulto competente procura agir de forma altruísta e se oferece para doar um órgão sólido incondicionalmente, e compreende os riscos e benefícios do procedimento, então o seu desejo deve ser respeitado” (Ross, 2002)
Apesar de não existirem benefícios físicos para o doador, alguns estudos demonstraram um aumento da auto-estima e sentimentos de bem-estar entre os dadores.
Os doadores não aparentados devem ser sujeitos a critérios mais rigorosos. Os dadores familiares devem poder correr mais riscos já que têm mais a ganhar com a doação do que dadores estranhos.
A doação por parte de dadores vivos, inicialmente, era limitada aos dadores familiares para reduzir o risco de imuno-rejeição, porém, a terapia imunossupressora permitiu que não só os familiares fossem dadores mas também outras pessoas significativas.
Um dos argumentos que apoiam a doação por parte de estranhos é o facto de a procura de órgãos ser muito maior do que a oferta.
No entanto, alguns problemas se levantam. Será que o doador compreende os riscos para a sua saúde, conforto e qualidade de vida que podem decorrer da doação? O problema do consentimento informado é que apesar da informação ser dada ao dador, nada nos garante que ele realmente a compreenda na sua totalidade. Ou seja, pode ser difícil para a pessoa transformar dados estatísticos no seu caso particular, e quem nunca se submeteu a uma cirurgia abdominal, por exemplo, pode ter dificuldades em imaginar o pós-operatório ou possíveis consequências na cirurgia na sua qualidade de vida.
Deve fornecer-se ao doador toda a informação necessária, ajustada ao seu contexto social, económico, afectivo, etc. Não se deve cingir apenas a informação técnica mas personalizar o conteúdo para aquela situação específica. É então importante que haja a certificação de que a informação foi compreendida pelo dador, que ele está ciente dos riscos que corre. Contudo, deve enfatizar-se o lado positivo da questão, ou seja, o gesto altruísta que ela significa.
Se existirem circunstâncias extenuantes, ou seja, possibilidades de predisposição genética para futuras doenças que aumentem o risco da doação, então o doador deve declinar devido ao risco excessivo para a sua saúde. Levinsky (2003) pergunta ”haverá um nível em que o risco do procedimento é tão grande que não devemos submeter voluntários ao mesmo, ainda que estes se movam pelos motivos mais altruístas?”. Kahn (2002) diz que o consentimento não é suficiente, e que existem limites para o risco que qualquer dador deve correr, aparentado ou não. Ou seja, para o autor o aumento do risco faz a balança fugir da aceitabilidade ética e que com determinados níveis de risco nenhum dador devia ser autorizado a doar apesar do seu consentimento.
Nos últimos anos tem surgido vários casos de tráfico de órgãos retirados a indivíduos pobres. Estas vendas são obviamente ilegais. Os argumentos contra a venda de órgãos têm a ver com a diluição do altruísmo e a “comercialização” do corpo humano que representa, sendo que estas razões ultrapassam largamente as objecções lógicas e económicas. Não são comuns, porém são inesquecíveis as histórias que nos lembram que a doação de órgãos não é apenas altruísta. (Johnstone, 1994).
A declaração da Associação Médica Mundial sobre doação e transplantação de órgãos e tecidos, feita na 52ª Assembleia-geral em Edimburgo em Outubro de 2000 diz: “O pagamento de órgãos e tecidos para doação e transplantação deve ser proibido. Um incentivo financeiro compromete o voluntariado da escolha e a base altruísta para a doação de órgãos e tecidos. Além disso, o acesso a tratamentos médicos com base na possibilidade de pagamento é inconsistente com os princípios de justiça. Órgãos que se suspeitem ter sido obtidos através de transacções comerciais não devem ser aceites para transplante. A publicidade a órgãos deve ser proibida. Todavia, o reembolso dos custos de procura, transporte, preservação e implantação são permitidos”.
Pedro Arroja (1994) assume uma posição diferente, defendendo o princípio de propriedade privada “(...)qualquer pessoa em vida pode oferecer post-mortem os seus órgãos para venda.(...)no princípio da propriedade privada, segundo a qual os órgãos de uma pessoa (como quaisquer outros bens) pertencem post-mortem aos seus herdeiros – e não ao estado, como prevê a lei dos transplantes”. A decisão de doar um órgão deve ser livre de coerção ou manipulação, seja social ou financeira. Segundo a posição do Comité de Ética da Rede Unida para a Partilha de Órgãos(UNOS), os dadores devem doar os órgãos incondicionalmente, sem especificar idade, raça ou género.

[editar]Doadores mortos

Os doadores mais adequados são aqueles cuja causa de morte é a cerebral, em unidades de cuidados intensivos, com menos de 35 anos, ou 40 no caso das mulheres e sem história de doença cardíaca. Os avanços na terapia imunossupressora e nas técnicas de preservação e transporte de órgãos enfatizam o contributo que os mortos podem dar aos vivos. Porém, a procura é maior do que a oferta.
As directivas da maior parte dos centros de transplantes sublinham que devem manter-se todos os esforços para salvar a vida do potencial dador, incluindo tratamento de emergência, manutenção da T.A., transfusões de sangue, tentativas de ressuscitação, etc. A declaração de morte cerebral marca uma mudança nas prioridades. Agora, ao invés de tentar salvar aquela vida, tenta preservar-se o melhor possível o corpo para retirar os órgãos. No entanto, apesar da pessoa estar morta ainda há questão do respeito pelo cadáver. Por exemplo, “É justo usar um cadáver como fonte de “partes suplentes?” (Johnstone, 1994). É justo subordinar crenças culturais e tradições enraízadas para benefício científico?
Os potenciais doadores que se encontram em morte cerebral não são meras “coisas” para serem descartados, mas são seres humanos que ainda são reconhecidos como parte integrante do grupo humano. Apenas porque estão em morte cerebral não deixam de ser a mãe ou o filho de alguém. Como mostra a cultura, as relações não terminam com a morte. Além disso, será que podemos subordinar os interesses do dador aos do receptor? (Evans, 1995). Pode argumentar-se que não temos uma noção clara do que são os interesses de um morto, contudo, existe sempre a noção de respeito.

[editar]Receptores

Os receptores devem receber acompanhamento psicológico no sentido de lhes dar segurança, esclarecer dúvidas acerca da cirurgia, complicações, etc., Só se deve considerar o transplante se houver hipóteses de sucesso clínico. Mas o que se deve considerar “esperança razoável de sucesso clínico”? .Quais os critérios que definem o sucesso clínico razoável e para quem é que estes são aceitáveis?
Ter que viver com um órgão que não nos pertence pode suscitar uma grande variedade de sentimentos. É importante que se faça um ajustamento psíquico para assimilar esta realidade. Segundo Bernardo(1995) “O viver serenamente com, um órgão alheio exige preparação e adaptação psíquica de modo a que não haja conflito a nível do “eu” do sujeito”.
Além disso, embora o transplante seja uma terapia salva-vidas, ele também aumenta o risco de desenvolver câncer, em parte por causa dos medicamentos administrados para suprimir o sistema imunológico e evitar a rejeição do órgão.[1]

[editar]Família

É frequente surgirem fenómenos de transferência nas famílias, essencialmente, de doadores mortos. Assim é importante salvaguardar a identidade do receptor, uma vez que estes fenómenos da transferência de afectividade e emoções podem ter consequências imprevisíveis e nefastas.
Da mesma forma, também o receptor não deve ter acesso à identidade do dador. Pode discutir-se que o facto da família do dador conhecer o receptor e ver os efeitos do transplante podia ser benéfico para esta, porém os riscos de transferência afetiva sobrepõem-se às vantagens que isto poderia oferecer. O facto de o receptor conhecer dados biológicos do dador poderá também ter efeitos negativos. A família do dador atravessa uma situação afectiva bastante intensa que poderá variar consoante o quadro do dador.
Em caso de morte eminente há uma mistura de sentimentos que podem inclusive chegar a ser contraditórios.
A lei portuguesa não atribui poder de decisão à família em relação à doação de órgãos, apenas em casos de menores e incapazes. Nestes casos, para a família tomar uma decisão, é absolutamente necessário que esteja na posse de informação acessível no sentido desta poder ponderar com maior clareza.

[editar]Técnicos

A equipe de transplantes tem a obrigação moral de providenciar órgãos nas melhores condições possíveis (Evans, 1995).
Os técnicos devem recusar retirar um órgão se esse procedimento constituir um risco de morbilidade ou mortalidade para o doador, como por exemplo retirar os dois rins ou o coração.
A equipe de transplantes deve impor limites mais rígidos à doação por parte de estranhos, já que esta, partilha responsabilidades morais na decisão. (Ross, 2002).
A profissão de enfermagem tem a obrigação moral de confrontar e lidar com as questões ético-legais de transplante que podem representar uma ameaça séria à integridade da prática holística da enfermagem (Johnstone, 1994).

[editar]Conceito de morte cerebral

Ao realizar-se a recolha de órgãos e tecidos é necessário ter em consideração, o consentimento/dissentimento, o Princípio da Confidencialidade do dador e receptor e o reconhecimento que a morte se define como morte do tronco cerebral.
Desde o século XVII que a paragem cárdio-respiratória e cerebral eram sinónimo de morte, entendia-se que a inactividade do coração levava à disfunção dos outros dois órgãos. Nos anos 50 desenvolveram-se técnicas que permitiram o suporte artificial das funções vitais. Assim, em 1957, o Papa Pio XII sugere que se incrementem debates éticos relativamente a esta situação.
Deste modo a medicina definiu morte sustentada em critérios cerebrais, já que a ausência de batimentos cardíacos e da respiração se encontram camuflados pela tecnologia de suporte avançado de vida.
O conceito de morte cerebral suscita alguma discussão. Alguns defendem que esta definição surge em resposta à necessidade de aumentar o número de dadores, sendo considerada, unicamente, como um objectivo utilitarista. Outros defendem que os objectivos são de carácter humanitário e equitativo. Perante esta conflitualidade, o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida elaborou o parecer 10/CNEVC/95, referindo que o diagnóstico clínico de morte implica uma avaliação científica e ética que comprove a irreversibilidade das funções do tronco cerebral. As razões que justificam a adopção deste critério são as seguintes:
  • só as funções do tronco cerebral permitem o funcionamento do corpo como um todo;
  • a avaliação da irreversibilidade nos utentes inconscientes é rápida e segura;
  • o tronco cerebral não pode ser submetido a prótese ou transplantes;
O parecer acrescenta ainda que os critérios para declarar a morte de dadores são iguais aos não dadores, de modo a manter a consistência e o respeito pelos mortos e familiares.
A declaração da Ordem dos Médicos prevista no artigo 12º da Lei nº12/93 de 22 de Abril, institui as considerações prévias, para definir o diagnóstico:
  • conhecimento da causa e irreversibilidade da situação clínica;
  • estado de coma com ausência de resposta motora à estimulação dolorosa na área dos pares cranianos;
  • ausência de respiração espontânea;
  • constatação de estabilidade hemodinâmica e da ausência de hipotermia, alterações endocrino-metabólicas que possam levar ao estado de coma;
Para a confirmação do diagnóstico o utente deverá apresentar atonia muscular e ausência de toda a actividade reflexa a nível cerebral.
A verificação é realizada, no mínimo, por dois conjuntos de provas com intervalo adequado à situação clínica e à idade, executadas por dois médicos especialistas que não pertencem à equipa de transplantação e pelo menos um não pertence à unidade em que o doente está internado, isto para impedir que os médicos sejam sujeitos a conflitos éticos. Sempre que necessário são realizados exames complementares.
Esta metodologia permite “que alguém considerado morto como pessoa, permaneça com actividade biológica e sejam os órgãos vitais mantidos em condições favoráveis para serem transplantados.” (Nunes, M., Luz, P., 1998)

[editar]Intervenções de Enfermagem

O envolvimento de qualquer profissional de enfermagem quer com o doador, ou o receptor é necessário conhecimentos sobre os direitos humanos, ética e legislação sobre a morte cerebral e doação de órgãos. As dimensões culturais, psicológicas e religiosas envolvidas neste processo não podem ser subestimadas. As actividades realizadas pelos profissionais de enfermagem são carregadas de emoções e sentimentos como insegurança, angústia, pena, medo e raiva (Albertina Coimbra et. al., 19--). Os profissionais percebem a importância de realizar as actividades que são da sua competência e não querem “fugir” às suas responsabilidades, mas também necessitam de apoio e de arranjar estratégias para lidar com os seus conflitos internos (Albertina Coimbra et. al., 19--).
Começaremos por referir o papel do enfermeiro na equipa de doação de órgãos e seus sentimentos perante a morte cerebral, visto o enfermeiro ser o profissional de saúde mais próximo do dador e respectiva família. A família é um elemento importante neste processo, mentir-lhe ou transmitir-lhe falsas esperanças não é solução, visto o enfermeiro ter investido no doente e família enquanto vivo, e por isso, perceber a dinâmica, cultura e o seu contexto, é o profissional mais apto para envolver a família neste processo adequando a informação às necessidades da família, bem como apoiá-la emocionalmente, trabalhar o luto e o processo seguinte.
Um dos factores referidos que puderam contribuir para a desmotivação e angústia da equipa de enfermagem é o facto de a equipa de saúde que cuida do dador não ter qualquer informação sobre o destino do órgão e do receptor – se a transplantação teve sucesso. Estes profissionais acabam por lidar apenas com a morte, desconhecendo as repercussões a curto prazo da mesma, o seu “fim nobre”, a “magnanimidade do acto” (Albertina Coimbra et. al., 19--).
Uma solução para este problema seria a possibilidade da equipa de enfermagem poder entrar em contacto com a pessoa que irá receber o transplante e ter conhecimento do sucesso do mesmo, bem como do seu contributo para a qualidade de vida do receptor (Albertina Coimbra et. al., 19--).
Outra das causas geradora dos sentimentos negativos acima referidos é a ambiguidade como é declarada a morte cerebral, tendo sido referido que “nem sempre há consenso entre as especialidades”, além das dúvidas suscitadas pela forma como é escolhido o dador e a própria declaração de morte cerebral. Neste caso a formação e esclarecimento da equipa envolvente era uma mais valia, bem como reuniões periódicas multidisciplinares em que os profissionais pudessem verbalizar os seus sentimentos e partilhar experiências (Albertina Coimbra et. al., 1995).
Para perceber a dualidade de sentimentos dos enfermeiros é importante perceber as suas funções e actividades que envolvem o cuidar da pessoa antes de ser dador, começa por tratar de um ser vivo com quem estabelece uma relação e as suas funções visam a sua sobrevivência, em que numa fase seguinte tem de “parar de tratar um vivo para começar a preparar um morto para doação” (Albertina Coimbra et. al., 1995).
O enfermeiro na equipa de transplantes, apesar de a decisão, a indicação e a execução de transplantes não serem competências de enfermagem, o seu papel não é menos importante pois o transplante de órgãos exige não só conhecimento técnico (teórico-prático) como também da cultura e religião das pessoas envolvidas de forma a adequar as suas intervenções para que todos sejam beneficiados.
Ao longo de todo este processo tanto para o dador como para o receptor é essencial perceber e tomar em consideração os factores culturais para a elaboração de programas educativos eficazes sobre as particularidades da morte cerebral, doação de órgãos e transplantes, existem mitos e crenças sobre estes temas que com respectiva informação e desmistificação poderão ser esclarecidas, havendo uma adesão consciente e informada a este processo, ou o contrário, – é essencial a pessoa estar informada para optar (A. S. Daare e P. Marshall, 19--).

[editar]Perspectiva religiosa e cultural

Começaremos pela questão da morte. A morte cerebral bem como a doação de órgãos é aceite pelo hinduísmocristianismo eislamismo. Os japoneses são resistentes à ideia de morte cerebral, sendo uma das causas respeitante ao destino da pessoa após a morte, está relacionada com a mutilação do corpo e a impureza associada ao corpo morto. O hinduísmo, apesar da sua posição na matéria utilizando como argumento a ajuda ao outro e a teoria do Karma, as suas tradições como a cremação do corpo completo e a ideia de que o corpo é intocável poderiam ser utilizadas como argumentos contra a colheita de órgãos. O budismo que considera a vida como uma ilusão e a morte com um fim provisório, dando pouca importância ao corpo depois da morte, não apresentando argumentos contra o transplante e recolha de órgãos (A.S. Daare, P. Marshall, 19--).
Em relação à religião judaica, mesmo os ortodoxos apoiam estes actos médicos, tendo apenas com exigência que na colheita feita em cadáver, a morte tenha sido determinada de acordo com a Halachá – e que o órgão seja utilizado de imediato, não é permitido a doação para o banco de órgãos.
No islamismo, a importância do corpo leva certas correntes a recusar as colheitas de cadáveres por a integridade corporal ser conditio sine qua non para o acesso à vida eterna (Luís Archer, Jorge Biscaia, Walter Osswald, 1996).
Apesar de serem contra a transfusão de sangue, as Testemunhas de Jeová não são contra o transplante de órgãos. A igreja Anglicanaapoia tudo que preserve a vida que foi criada por Deus” (Reverendo Abmael), se na Bíblia nada indica que Deus é contra o transplante de órgãos, então a igreja não é contra.
A transplantação de órgãos, nomeadamente a sua aceitação, o consentimento de doação, a organização do programa de transplantação, o tipo de transplantes realizados e o resultado dependem em parte de considerações culturais. O sentido simbólico de certos órgãos, especificamente o coração, pode ser obstáculo ao transplante (A.S. Daare, P. Marshall, 19--).
O mesmo se acontece com o comércio de órgãos, existe uma “zona cinzenta” na fronteira que separa a doação da venda, é importante perceber as circunstâncias em que se realizam as transacções. Na república islâmica do Irão existe um vasto programa que define as formas de compensação financeiras julgadas culturalmente aceites quando uma pessoa viva faz a doação de um dos seus rins a uma pessoa que não seja um familiar, os argumentos que defendem esta via são, entre eles o facto de não haver intermediários, os dadores terão de se submeter a um teste psicológico, as remunerações são fixas, os dadores são aconselhados sobre a forma de investirem o dinheiro recebido e são cobertos por um seguro de doença durante os três anos seguidos da doação (A.S. Daare, P. Marshall, 19--).
Nos Estados Unidos foi proposto a criação de um mercado a termo fixo de órgãos colhidos em cadáveres, o que foi aceite pelas associações médicas. Na Filadélfia é oferecido um prémio pela doação de órgãos às famílias de pessoas recentemente mortas.
Na Índia, apenas recentemente foi adoptada uma lei sobre o transplante de órgãos humanos que visa abolir o comércio de órgãos e facilitar a colheita em cadáveres, instituindo o princípio da morte cerebral (A.S. Daare, P. Marshall, 19--).
Em relação à posição de diversos líderes religiosos, islamismo autoriza a remuneração em circunstâncias bem definidas e eruditos da religião judaica afirmam não encontrarem obstáculos à concessão de uma compensação (A.S. Daare, P. Marshall, 19--).
Esta é uma questão complexa que deve ser analisada tendo em conta os parâmetros culturais, políticos e económicos.

informações sobre relacionamento homo


Amava, agora odeio! Porquê?

Série: informações sobre relacionamento homo

Quando nós começamos a nos relacionar com alguém de forma afetiva (amorosa) pela primeira vez, são esperados muitos comportamentos, pois faz parte do nosso psiquismo e dos processos de aprendizagem.
Um deles, talvez o mais importante (que governa todas as outras ações e atitudes), é quando encontramos alguém que mal conhecemos e ficamos apaixonados loucamente em poucos dias, em poucas semanas.
Após a desilusão, que acontece na maioria dos casos (por termos nos entregado muito rápido), gera um efeito inverso, a ponto de transformar o "amor" que tínhamos por determinada pessoa em "ódio".
Esta transformação de amor em ódio é muito interessante, pois não acontece somente com os primeiros relacionamentos, e sim com qualquer pessoa que ame outra cegamente e em um certo momento é deixado de lado.
funcionamento do psiquismo neste período é simples. Quando amamos alguém, nós projetamos partes que são nossas no outro (objeto amado). Quando terminamos, é como se a outra pessoa levasse estas partes (que são nossas) consigo e nos deixassem sem nada. Alguém totalmente vazio e sem estruturas. Afinal, nós estamos tão ligados no outro, que parte da nossa vida está nele. Se ele vai embora, onde está nossa vida? Ela vai junto.
Como nosso corpo biológico produz anticorpos quando esta fragilizado, nosso aparelho psíquico, quando se encontra neste estado, também cria suas "defesas" para a proteção do ego fragilizado. Ele transforma automaticamente a mesma quantidade de amor em ódio.
O pensamento é mais ou menos este. Já que joguei partes minhas no outro, e o outro não corresponde mais ou está perto, preciso "destruir" (com o ódio) as partes minhas que estão nele para que possa sobreviver.
Parece besteira, mas este mecanismo amor versus ódio acontece, consciente ou inconscientemente, em todos nós.
Quem já não teve vontade de bater naquela pessoa que estava gostando e que do nada, virou as costas? Ou vice-versa? Quase apanhou porque em determinado momento, resolveu terminar o relacionamento? Ou mesmo, nada tão agressivo, apenas um sentimento de raiva? Mesmo que passageiro, de determinada pessoa por quem estava interessado?
Eu já passei por diversas experiências. Tanto que, nos primeiros
relacionamentos que eu tive, a separação foi algo bem traumático para ambos. Precisávamos destruir o objeto amado (neste caso, eu era o personagem). Só que o consciente deixa claro que não se pode destruir o "outro", então, tudo é canalizado para os objetos materiais. Ambos, principalmente o primeiro, quase destruiu toda a casa, mas sobreviveram (e sobrevivemos). Assim é a nossa vida.
Claro que mesmo não existindo receitas mágicas, existem algumas coisas que podem aliviar um pouco este processo "destrutivo" do psiquismo envolvido em términos de relacionamentos.
O primeiro passo é ter consciência deste processo. Tanto que resolvi escrever este artigo para tornar este conhecimento acessível a todos vocês.
Segundo, existem algumas atitudes a se tomar quando precisamos esquecer ou terminar com alguém. Alias, é bem comum, amigos me perguntarem "o que fazer para esquecer alguém".
Geralmente, dou apenas duas fórmulas que conheço muito bem. A primeira, pouco eficiente, a segunda é a ideal.
Na primeira opção, o conselho é procurar outra pessoa. Tentar achar em outra, o preenchimento do vazio que a primeira pessoa deixou. Seria como "trocar", literalmente, o "objeto de desejo". Se achar alguém compatível enquanto gosta de outra, este alguém pode ajudar a esquecer o outro. Infelizmente, na maioria dos casos esta não é a melhor saída. Depende muito do nível de comparação que irá fazer e da fragilidade momentânea que esteja passando.
Muitas vezes, esta atitude (que muitos fazem) apenas prolonga o sofrimento e pior, acaba envolvendo na estória uma outra pessoa que nada tinha a ver com isso e que também pode acabar na mesma situação em que nos encontramos, por nossa causa.
A segunda opção, a mais benéfica e a menos utilizada é dar um tempo e começar, religiosamente, a cuidar de si (processo de reintegração do ego). Gosta-se e não é correspondido ou se ama e perdeu seu objeto de desejo, você provavelmente se encontra fragilizado e o melhor a fazer, ao invés de "buscar fora" é "buscar dentro".
Para isso, dê um tempo de relacionamentos e procure evitar ficar com alguém. Por outra lado, não deixe de sair e se divertir com os amigos. O ideal é iniciar atividades que cuidem de você, da sua saúde, do seu corpo e da sua mente, por exemplo,tente entrar numa academia, começar uma dieta, comer melhor, praticar esportes ou até mesmo aprender um novo idioma.
Depois de um bom tempo se cuidando, quando começar a se sentir melhor, inteiro (e não fragmentado) abra as portas para um novo amor que pode ou não dar certo.
Se não der, refaça tudo de novo. Apenas tome cuidado com este mecanismo amor versus ódio e todos os outros processos internos que passamos, quando estamos nos relacionando com alguém.

Fabrício Viana
Fabrício Viana é bacharel em Psicologia, gay assumido e autor do livro que fala sobre ahomossexualidade (erroneamente citado na mídia de homossexualismo) chamado  "O Armário - Vida e Pensamento do Desejo Proibido"