domingo, 22 de dezembro de 2013

GLAUCOMA!!!

ENTREVISTA

GLAUCOMA

Dr. Alberto Betinjane é médico oftalmologista, chefe do setor de glaucoma congênito do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
A córnea é uma membrana fina e transparente que recobre a frente do globo ocular. Através da córnea,  é possível ver a íris e a pupila, que se dilata no escuro e se fecha sob a ação da luz, como o diafragma de uma câmara fotográfica. Quando os raios luminosos provenientes do objeto alcançam a pupila, encontram uma lente, o cristalino, que os projeta contra a retina.
A área entre a córnea e a íris chama-se câmara anterior do olho, e a área entre a íris e o cristalino, câmara posterior do olho. A câmara anterior contém um líquido, o humor aquoso, produzido na região do corpo ciliar que abrange íris, pupila, cristalino e músculos. Depois de preencher a câmara anterior, o humor aquoso escoa especialmente por um pequeno canal ou pelas veias ciliares.
A circulação do humor aquoso, que vai sendo produzido e eliminado, é importante para manter a pressão ideal dentro da câmara anterior. Se por algum motivo ocorrer uma obstrução e o líquido ficar represado, a pressão intraocular aumenta e pode prejudicar a visão, como acontece nos casos de glaucoma.
O QUE É GLAUCOMA
Drauzio – O que caracteriza essa doença chamada glaucoma?
Alberto Betinjane – Glaucoma é uma doença ocular causada principalmente pela elevação da pressão intraocular que provoca lesões no nervo ótico e, como consequência, comprometimento visual. Se não for tratado adequadamente, o glaucoma pode levar à cegueira.
Drauzio  Por que ocorre esse aumento de pressão dentro da câmara anterior do olho?
Alberto Betinjane – Não existe uma causa bem definida para explicar por que isso acontece. Basicamente, a área de drenagem do humor aquoso deixa de funcionar adequadamente e o líquido fica represado dentro do olho.
Existem vários tipos de glaucoma. Para alguns deles, há como explicar o aumento da pressão intraocular; para outros, não. O glaucoma crônico simples ou glaucoma de ângulo aberto, que representa mais ou menos 80% dos casos e incide nas pessoas acima de 40 anos, pode ser explicado por uma alteração anatômica e citológica que, com o passar dos anos, ocorre na região do ângulo da câmara anterior. Ela impede que o humor aquoso saia normalmente e isso aumenta a pressão intraocular.
Sintomas
Drauzio – Quais são os primeiros sintomas dessa doença?
Alberto Betinjane – Esse é um aspecto que merece ser colocado. No tipo mais comum, o glaucoma de ângulo aberto, não há sintomas. A visão é normal até que a doença tenha atingido uma fase muito avançada. A pessoa não percebe que a doença está progredindo. Algumas vezes, pode relatar que sente um pouco de dor de cabeça, mas nada além disso. Geralmente, o diagnóstico é feito num exame de rotina, quando ela vai ao oftalmologista para trocar os óculos, por exemplo.
Glaucoma é uma doença traiçoeira, porque é assintomática no início. Só provoca baixa visual em fase mais avançada.
Drauzio – O olho que começa a lacrimejar pode ser sinal de glaucoma como muita gente acha?
Alberto Betinjane – Não tem nada a ver, porque as alterações do líquido interno não se manifestam externamente. Volto a repetir que a pessoa não sente absolutamente nada de diferente nos olhos e só vai ao médico quando acha que está enxergando mal. A falta de controle periódico pode resultar num diagnóstico tardio de glaucoma, quando pouco pode ser feito para evitar o agravamento progressivo da doença que pode levar à perda da visão.
Drauzio – Em que faixa de idade o glaucoma aparece com mais frequência?
Alberto Betinjane – De modo geral, ocorre com mais frequência a partir dos 40 anos, mas pode ocorrer em qualquer faixa de idade, dependendo da etiologia, isto é, da causa que provocou a pressão intraocular mais elevada.
HERANÇA FAMILIAR
Drauzio – Existe concentração maior dessa doença em algumas famílias?
Alberto Betinjane – O caráter hereditário é muito importante para o desenvolvimento do glaucoma, particularmente do glaucoma crônico. Pessoas que têm familiares com a doença correm maior risco do que aquelas que não têm e exigem cuidados especiais. Principalmente depois dos 40 anos, devem consultar o médico e fazer exames com regularidade, mesmo que enxerguem bem. Como já disse, o glaucoma não provoca sintomas no início e pode progredir lenta ou rapidamente. No entanto, a visão que for perdida, não será mais recuperada.
EVOLUÇÃO DO QUADRO
Drauzio – Qual é a evolução mais comum do glaucoma?
Alberto Betinjane – Quando a pessoa percebe a baixa visual, a lesão já é extremamente grave. De modo geral, a perda da visão é progressiva e lenta, mais periférica do que central, mas a pessoa continua enxergando e, se for fazer um teste para um concurso público ou para renovar a carteira de motorista, será aprovada normalmente. É preciso muita sensibilidade para perceber o comprometimento em determinada área do campo visual, quando a área central não está prejudicada.
Drauzio – No Brasil, existe uma estimativa a respeito do número de pessoas com glaucoma?
Alberto Betinjane – Infelizmente, não existe um estudo epidemiológico bem feito. O Brasil é muito grande e os estudos têm levado em conta apenas algumas regiões. Podemos estimar, porém, que em torno de novecentas mil, um milhão de pessoas sejam portadoras de glaucoma.
Drauzio – Existe uma distribuição geográfica predominante?
Alberto Betinjane – Não existe nada certo a esse respeito. Talvez porque, nas regiões mais distantes, as pessoas tenham dificuldade de acesso ao médico, a incidência do glaucoma pareça maior e a doença, mais grave. Em áreas em que é possível fazer exames preventivos de rotina, o glaucoma pode ser detectado precocemente e controlado antes de provocar lesões no nervo ótico e perda visual.
GLAUCOMA NA INFÂNCIA
Drauzio – Crianças podem ter glaucoma?
Alberto Betinjane – Crianças podem ter o chamado glaucoma congênito ou glaucoma infantil. O tipo mais comum é o glaucoma congênito primário que se instala logo após o nascimento, ou a criança já nasce com alterações no olho provocadas por hipertensão intraocular que ocorreu durante a gestação. As manifestações clínicas aparecem no decorrer do primeiro ano de vida e se caracterizam por globo ocular aumentado e alterações na transparência da córnea que fica branco-azulada, como se uma membrana estivesse cobrindo o olho.
É bom que se diga que glaucoma congênito é uma doença rara. Nos centros de referência, o número de casos é grande porque para eles convergem grande parte das crianças com o problema.
Drauzio – Por que o olho da criança aumenta de tamanho?
Alberto Betinjane – O olho da criança reage à pressão alta de maneira um pouco diferente. Ele se distende mais e aumenta de tamanho. Muitas vezes, um olho grande e bonito pode ser sinal de glaucoma se instalando. Portanto, é preciso cuidado com os olhos da criança que são um pouquinho maiores do que o normal, porque isso pode estar relacionado à hipertensão ocular.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Drauzio – Feito o diagnóstico, qual a conduta indicada para esses pacientes?
Alberto Betinjane – Nem sempre podemos definir que a pessoa tem glaucoma numa consulta, porque a pressão alta intraocular pode estar relacionada com outros problemas de saúde. De modo geral, porém, no que se refere ao glaucoma, dois sinais merecem a atenção: pressão intraocular acima da média e alterações no nervo ótico perceptíveis no exame de fundo de olho.
Definido o diagnóstico, a indicação primeira é o tratamento clínico à base de colírios. Existem algumas drogas por via oral que só são usadas em casos emergenciais. As doses iniciais de colírios costumam ser mais brandas para avaliar até que ponto a pessoa reage à sua aplicação. Às vezes, porém, associam-se duas ou três medicações diferentes para baixar a pressão a níveis que consideramos ideais para aquela pessoa em particular. É a chamada pressão-alvo, que varia de uma pessoa para outra. Nem sempre pressão mais baixa assegura que a doença não vá avançar.
Drauzio – Os colírios devem ser usados pela vida toda ou, depois de algum tempo, o tratamento pode ser interrompido?
Alberto Beitnjane – Alguns tipos de glaucoma estão associados a distúrbios que requerem tratamento específico. Cessada a causa, a pressão intraocular regride e o problema visual desaparece. A medicação é usada por prazo curto enquanto se resolve a outra situação que provocou o glaucoma.
Já o glaucoma crônico, o tipo mais comum da doença, exige o uso de colírios pela vida toda, porque não tem cura. Pode ser controlado por meio de medicação, cirurgia ou raio laser, mas o paciente precisa ser mantido sob controle ininterruptamente.
ADESÃO AO TRATAMENTO
Drauzio – Problemas crônicos de saúde que exigem o uso diário de medicamentos por toda a vida são mal recebidos pelos pacientes. Por exemplo, diabetes e hipertensão arterial costumam dar problemas de aderência ao tratamento. A pessoa esquece de tomar os remédios ou acha que o problema desapareceu e suspende a medicação. Imagino que não seja muito diferente com os doentes com glaucoma que precisam usar colírios regularmente. Quais são os problemas práticos que vocês enfrentam?
Alberto Betinjane – Essa é uma questão importantíssima. Como o glaucoma não provoca sintomas, a pessoa pode não se dar conta da gravidade do problema. Além disso, a falta de aderência ao tratamento pode estar associada a outros fatores, principalmente a fatores econômicos, porque os remédios são muito caros e a maior parte da população brasileira tem baixo poder aquisitivo.
Por outro lado, a ausência de sintomas faz com que o paciente se esqueça de pingar o colírio adequadamente. Em certas situações, é necessário pingar dois ou três colírios por dia, com intervalo de três a quatro horas entre as aplicações, o que dificulta a aderência.
Infelizmente, com isso a doença avança e a pessoa só tem noção de sua gravidade quando a lesão está muito avançada.
Drauzio – Existem alguns mitos a respeito do glaucoma. Fala-se que não se deve levantar peso nem fazer força, pentear os cabelos e que o consumo de alguns alimentos é contraindicado. O que há de verdade nessas crenças populares?
Alberto Betinjane – Na verdade, o portador de glaucoma pode levar vida normal, sem deixar de lado coisas de que gosta com medo de estar agravando a doença. Não existem estudos para que se possa afirmar com segurança o que é bom ou ruim para esses pacientes. Sabe-se que a atividade física pode ajudar a diminuir a pressão intraocular.
Alguns medicamentos indicados para outras doenças podem interferir na pressão interna dos olhos, se usados por período longo. É o caso da cortisona, por via oral ou sob a forma de colírio, que pode alterar a pressão intraocular.
Drauzio – Que outros fatores podem aumentar a pressão intraocular?
Alberto Betinjane – Fumo e álcool em excesso são sempre contraindicados. Na verdade, eles não agem diretamente sobre a pressão intraocular, mas podem atuar na circulação sanguíneaomo o glaucoma resulta de um balanço da pressão intraocular com a perfusão do sangue no fundo do olho, na cabeça do nervo ótico que é chamada de papila ótica, a circulação deficiente nessa região pode causar dano visual.
Drauzio – Além da cortisona e seus derivados, existem outros medicamentos que podem agravar quadros pré-existentes de glaucoma?
Alberto Bertinjane – No caso do glaucoma crônico, também chamado de glaucoma simples ou glaucoma do ângulo aberto, a maioria dos medicamentos tem pouca influência. No caso do glaucoma do ângulo estreito, que é o ângulo da câmara anterior, a dilatação da pupila estreita mais ainda esse ângulo e a drenagem do humor aquoso fica difícil. Medicamentos que agem no sistema nervoso autônomo podem fazer com que a pupila se dilate comprometendo o escoamento do humor aquoso. Por exemplo: de modo geral, os antiespasmódicos contêm uma substância que pode causar pequena dilatação da pupila e, dependendo da anatomia do olho, elevar sua pressão interna por retenção do humor aquoso.
CONTROLE PERIÓDICO
Drauzio – Há como evitar a instalação do glaucoma?
Alberto Betinjanne – Não há o que se possa fazer para evitar o glaucoma, mas podemos evitar que ele se instale de maneira agressiva, fazendo exames periódicos com um médico oftalmologista.
Drauzio – Com que frequência devem ser feitos esses controles?
Alberto Betinjane – Nas pessoas acima de 40 anos, pelo menos uma vez por ano. Se tiverem algum fator de risco importante, como a história familiar da doença, o controle precisa ser mais frequente.
Drauzio – Isso quer dizer que, a partir dos 40 anos, a pessoa deve fazer uma consulta anual ao oftalmologista mesmo que esteja enxergando bem?
Alberto Betinjane – Essa é a conduta ideal, porque a pressão intraocular pode descontrolar de uma hora para a outra. Se o médico detectar a doença numa fase inicial, pode interferir para evitar complicações graves no futuro.
PROGNÓSTICO
Drauzio – Qual o prognóstico do glaucoma?
Alberto Betinjane – De modo geral, o prognóstico é bom para a maioria das pessoas, mas está relacionado com uma série de fatores, entre eles, o controle evolutivo da doença que tem de ser muito bem feito. Quem tem glaucoma não pode pensar que o fato de estar usando a medicação garante proteção contra um agravamento da doença. Às vezes, com o passar do tempo, determinado medicamento perde a eficácia e é preciso trocá-lo por outro ou associar dois ou três. Se a resposta não for satisfatória, temos a possibilidade de mudar o enfoque e recorrer ao raio laser e, em último caso, à cirurgia.
Drauzio – Por que em último caso à cirurgia? 
Alberto Betinjane – Porque a cirurgia implica sempre algum risco, tanto no pré-operatório quanto no pós-operatório tardio e, muitas vezes, não traz os resultados esperados. Por isso, evitamos o procedimento cirúrgico desde que a doença seja controlada por meios clínicos e não cause prejuízo para a qualidade de vida do paciente.
Drauzio – Quer dizer que é possível ter glaucoma e manter a visão normal por anos, desde que o indivíduo faça o tratamento adequado e visite periodicamente o oftalmologista. Você acha que os médicos estão preparados para fazer o diagnóstico nas fases iniciais da doença?
Alberto Betinjane – A maioria dos oftalmologistas tem condições de detectar a doença e evitar que o quadro se agrave. Infelizmente, há situações que impedem o maior envolvimento do médico com determinado paciente e, às vezes, ele deixa de pesquisar a fundo um sinal indicativo de lesão que avançará um pouco e só será detectada mais tarde. De modo geral, porém, isso não acontece.

PRESSÃO NO CORPO HUMANO!!!

PRESSÃO NO CORPO HUMANO!!!
 A pressão é um fenômeno muito comum nas nossas vidas. O meteorologista dá-nos a pressão atmosférica, o frentista do posto de combustível e de serviços mecânicos confere a pressão dos nossos pneus, o doutor mede nossa pressão sangüínea como parte do exame físico.
Pressão é definida como a força por unidade de área num gás ou num líquido. Para um sólido a quantidade de força por unidade de área é referida como tensão (stress). Você provavelmente sabe que a pressão atmosférica é cerca de 105 N/m2 e que a pressão num pneu de bicicleta pode ser tão alta quanto 90 lb/in2 (= 6,12 atm). No sistema métrico a pressão é medida em newtons por metros quadrados; que é a unidade do S.I. também chamada pascal (Pa). Nenhuma destas unidades é de uso comum na medicina. O método mais comum de indicar a pressão na medicina é pela altura de uma coluna de mercúrio (Hg). Por exemplo, um pico de pressão sangüínea (sistólica) lida como 120 mmHg indica que uma coluna de mercúrio desta altura tem uma pressão na sua base igual a pressão sangüínea sistólica do paciente. A pressão atmosférica é cerca de ou 760 mmHg ( = 30 in.Hg). A Tabela 6.1 lista algumas das unidades comuns usadas para medir pressão e dá a pressão atmosférica em cada sistema.
A pressão P sob uma coluna de líquido pode ser calculada por P = r g h, onde r é a densidade do líquido, g é a aceleração devido a gravidade, e h é a altura da coluna. Desde que a densidade do mercúrio é 13,6 g/cm3, uma coluna de água tem que ser 13,6 vezes maior que uma dada coluna de mercúrio a fim de produzir a mesma pressão. É algumas vezes conveniente indicar diferenças de pressão no corpo em termos da altura de uma coluna de água (ver Exemplo 6.1).
 AtmosferasN/m2cm H2Omm Hglb/in.2 (psi)
1 atmosfera
1
1,01 x 105
1033
760
14,7
1 N/m2
0,987 x 10-5
1
0,0102
0,0075
0,145 x 10-3
1 cm H2O
9,68 x 10-4
98,1
1
0,735
0,014
1 mm Hg
0,00132
133
1,36
1
0,0193
1 lb/in2. (psi)
0,0680
6895
70,3
51,7
1
Exemplo 6.1
Que altura de água produzirá a mesma pressão que 120 mmHg?
P = r g h = (13.6 g/cm3) (980 cm/s2) (12 cm) = 1.6 105 dinas/cm2
Para a água 1,6 105 dinas/cm2 = (1,0 g/cm3) (980 cm/s2)
h = 163 cm de H2O.
A altura da água pode ser obtida multiplicando a altura do mercúrio por 13,6
 Desde que vivemos num mar de ar com uma pressão de 1 atm, é mais fácil medir a pressão relativa à pressão atmosférica do que medir a verdadeira pressão, ou pressão absoluta. Por exemplo, se a pressão num pneu de bicicleta é de 60 lib/in2. ( = 4,08 atm), a pressão absoluta é 60 + 14,7, ou aproximadamente 75 lb/in2 (5,1 atm). A pressão 60 lb/in2 ( = 4,08 atm) é a "pressão manométrica". A menos que falemos em contrário, todas as pressões usadas neste capítulo são pressões manométrica.
Existem vários lugares no corpo onde as pressões são mais baixas do que a atmosférica, ou negativa. Por exemplo, quando inspiramos a pressão nos pulmões deve ser um pouco menor que a pressão atmosférica senão o ar não fluiria para dentro do corpo. A pressão nos pulmões durante a inspiração é tipicamente uns poucos centímetros negativos de água. Quando uma pessoa bebe através de um canudo, a pressão na sua boca deve ser negativa por uma quantidade igual a altura da sua boca acima do nível do líquido que ela está bebendo. Outros exemplos de pressão negativa serão discutidos no Apêndice 1, quando consideraremos a física dos pulmões e da respiração.
A tabela 6.2 lista algumas pressões típicas no corpo. O coração atua como uma bomba, produzindo pressão bastante alta (~ 100 a 140 mmHg) para forçar o sangue através das artérias. O sangue venoso que retorna está a uma pressão um pouco mais baixa e, de fato, precisa ajudar a ir das pernas ao coração. O fracasso neste sistema de retorno das pernas freqüentemente resulta nas veias varicosas. A pressão no sistema circulatório é discutida em detalhes no Apêndice 2, e a pressão nos pulmões é discutida no Apêndice 1.
Tabela 6.2 Pressões Típicas no Corpo Normal
 
Pressões Típicas (mm Hg)
Pressão sangüínea arterial 
Máxima (sístole)
100 - 140
Mínima (diástole)
60 - 90
Pressão sangüínea venosa
3 - 7
Grandes veias
< 1
Pressão sangüínea capilar 
Final de Artéria
30
Final de veia
10
Pressão no ouvido médio
< 1
Pressão no olho – humor aquoso
20
Pressão do fluido cerebrospinal no cérebro (lying down)
5 -12
Pressão gastrointestinal
10 - 20
Pressão intratorácica (entre os pulmões e as paredes do peito)
- 10
Neste capítulo discutiremos alguns outros sistemas de pressão do corpo e a terapia com pressão alta (hiperbárica) de oxigênio.
6.1 MEDIDAS DA PRESSÃO NO CORPO
O método clássico de medir pressão é determinar a altura de uma coluna de líquido que produz a pressão igual a pressão que está sendo medida. Na seção 8.4 descreveremos como Rev. Hales mediu a pressão sangüínea de um cavalo observando quão alta uma coluna de sangue de uma artéria subiria num tubo de vidro.
Um instrumento que mede pressão por este método é chamado manômetro. Um tipo comum de manômetro é um tubo de forma de U contendo um fluido que está conectado à pressão a ser medida (Figura 6.1). Os níveis nos braços variam até que a diferença nos níveis sejam iguais à pressão. Este tipo de manômetro pode medir pressões positivas e negativas. O fluido usado é geralmente o mercúrio, mas a água ou outros fluidos de baixa densidade pode ser usado quando a pressão a ser medida é relativamente pequena.
O instrumento clínico mais comum usado para medir pressão é o esfigmomanômetro, que mede a pressão sangüínea. Dois tipos de pressão manométrica (gauge) são usadas no esfigmomanômetro. Num manômetro do tipo mercúrio a pressão é indicada pela altura de uma coluna de mercúrio dentro de um tubo de vidro. Num tipo aneróide a pressão varia a forma de um recipiente flexível selado, que faz uma agulha mover-se num dial.


Algumas partes do corpo podem atuar como indicadores grosseiros de pressão. Por exemplo, uma pessoa indo para cima e para baixo num elevador ou avião freqüentemente percebe uma variação na pressão atmosférica nos ouvidos. Quando engolimos, a pressão no ouvido médio se iguala a pressão externa e o tímpano "estala". É necessário para os ouvidos serem muito sensíveis à pressão desde que as variações de pressão numa onda sonora ordinária são extremamente pequenas (ver Exemplo 12.1) Um outro indicador qualitativo de pressão é o tamanho das veias na parte de trás das mãos. Quando uma mão é levantada um pouco acima do nível do coração estas veias tornam-se menores devido ao abaixamento da pressão sangüínea venosa (ver Apêndice 2, pg. 164)
6.2 – PRESSÃO DENTRO DO CRÂNIO
O cérebro contém aproximadamente 150 cm3 de fluido cerebrospinal (FCS) numa série de aberturas interconectadas chamadas ventrículos (Fig 6.2). O fluido cerebrospinal é gerado dentro do cérebro e flui através dos ventrículos para o interior da coluna espinhal e eventualmente para o interior do sistema circulatório. Um dos ventrículos, o aqueduto, é especialmente estreito. Se ao nascer esta abertura está fechada por qualquer razão, o FCS é preso no interior do crânio e aumenta a pressão interna. O aumento de pressão faz o crânio aumentar. Esta séria condição, chamada hidrocefalia (literalmente, cabeça-d’água), é um problema moderadamente comum na infância. Entretanto, se a condição é detectada bem cedo, ela pode ser freqüentemente corrigida cirurgicamente instalando um sistema de drenagem de desvio para o FCS.


Não é conveniente medir a pressão FCS diretamente. Um método muito grosseiro de detectar hidrocefalia é medir a circunferência do crânio logo acima das orelhas. Valores normais para crianças recém-nascidas são de 32 a 37 cm, e um valor maior pode indicar hidrocefalia. Um outro método qualitativo de detecção, a transiluminação, faz uso das propriedades de espalhamento de luz do FCS bem claro dentro do crânio. A transiluminação é discutida com mais detalhes na Seção 14.2 .
6.3 PRESSÃO DO OLHO
Os fluidos claros no globo ocular ( o humor aquoso e vítreo) que transmitem a luz para a retina (a parte do olho sensível à luz ), estão sob pressão e mantém o globo ocular com uma forma e tamanho fixos. As dimensões do olho são críticas para uma boa visão – uma variação de somente 0.1 mm no seu diâmetro tem um efeito significativo na claridade da visão. Se você pressiona o seu próprio olho com seu dedo você notará a resistência do olho devido a pressão interna. A pressão no olho normal varia de 12 a 23 mm Hg.
O fluido na parte da frente do olho, o humor aquoso, é praticamente água. O olho produz continuamente humor aquoso e um sistema de drenagem permite o excesso escapar. Se um bloqueio parcial deste sistema de drenagem ocorre, a pressão cresce e a pressão aumentada pode restringir o suprimento sangüíneo para a retina e isto afeta a visão. Esta condição, chamada glaucoma, produz uma visão de túnel nos casos moderados e cegueira nos casos severos.
Os médicos antigamente estimavam a pressão dentro do olho pelo "sentido" quando eles pressionavam o olho com seus dedos. Agora a pressão no olho é medida com vários instrumentos diferentes, chamadostonômetros, que medem a quantidade de indentação produzida por uma força conhecida. Os tonômetros correntemente usados estão descritos em detalhes no Capítulo 15. Os tonômetros são algumas vezes calibrados em unidades arbitrárias melhor do que em milímetros de mercúrio
6.4 PRESSÃO NO SISTEMA DIGESTIVO
O corpo tem uma abertura através dele. Esta abertura, o tracto digestivo, é bem tortuosa; ela se estende mais de 6 m da boca até o ânus. A maioria do tempo está fechada na extremidade inferior e tem vária outras restrições. A Figura 6.3 mostra esquematicamente as válvulas e esfíncteres (músculos circulares) do tracto digestivo, que se abre para a passagem da comida, bebida e seus subprodutos. As válvulas são projetadas para permitirem um fluxo unidirecional da comida. Com algum esforço é possível reverter o fluxo, tal como durante o vômito (náusea).


A pressão é maior que a atmosférica na maioria do sistema gastrointestinal (GI). Entretanto, no esôfago, a pressão está acoplada à pressão entre os pulmões e a parede do peito (pressão intratorácica) e é usualmente menor que a atmosfera. A pressão intratorácica é algumas vezes determinada medindo-se a pressão no esôfago.
Durante a alimentação a pressão no estômago aumenta quando as paredes do estômago são esticadas. Entretanto, desde que o volume aumenta com o cubo do raio (R3) enquanto a tensão (força de estiramento) é proporcional a R, o aumento na pressão é muito lento. Um aumento mais significativo na pressão é devido ao ar engolido durante a refeição. Ar preso no estômago causa arroto ou vômito. Este ar preso é freqüentemente visível num raio - X do peito.
No intestino, o gás (flato) gerado por ações de bactérias aumenta a pressão. (O flato é produzido até nas pessoas mais cultas!) Fatores externos tais como cintos, faixas, voar, nadar afetam a pressão no intestino.
Uma válvula, o piloro, evita o fluxo de sangue voltar do intestino delgado para dentro do estômago. Ocasionalmente um bloqueio forma no intestino delgado ou grosso e a pressão se forma entre o bloqueio e o piloro; se esta pressão torna-se suficientemente grande para restringir o fluxo sangüíneo aos órgãos críticos, ela pode causar a morte. Intubação, a passagem de um tubo oco através do nariz, estômago e piloro, é geralmente usado para liberar a pressão. Se a intubação não funcionar é necessário liberar a pressão cirurgicamente. Entretanto, a pressão alta aumenta grandemente o risco de infeção porque os gases presos expandem rapidamente quando a incisão é feita. Este risco pode ser reduzido se a cirurgia é feita em uma sala de operação em que a pressão externa é maior que a pressão no intestino.
A pressão no sistema digestivo está acoplada aquela dos pulmões através do diafragma flexível que separa os dois sistemas de órgãos. Quando é necessário ou desejável aumentar a pressão no intestino, tal como durante a defecção, uma pessoa faz uma respiração profunda, prende os pulmões na glote (cordas vocais) e contrai os músculos abdominais.
6.5 PRESSÃO NO ESQUELETO
As maiores pressões no corpo são encontradas nas juntas dos ossos de sustentação do peso. Quando todo o peso está numa perna, tal como quando andamos, a pressão na junta do joelho pode ser mais que 10 atm! Se não fosse por uma área relativamente grande das juntas, a pressão seria mesmo maior (Figura 6.4). Desde que a pressão é a força por unidade de área, para uma dada força a pressão é reduzida quando a área é aumentada.

Juntas ósseas saudáveis são melhores lubrificadas que o melhor mancal feito pelo homem (ver Capítulo 3, p. 56). Se um lubrificante convencional fosse usado numa junta ele seria espremido e a junta logo estaria seca. Felizmente, o sistema é tal que quanto maior a pressão, melhor a lubrificação. A lubrificação das juntas está discutida com mais detalhes no Capítulo 3.


Os ossos tem-se adaptado de maneira a reduzir a pressão. Os ossos dos dedos são chatos ao invés de cilíndricos no lado de agarrar, e a força é espalhada sobre uma superfície maior; isto reduz a pressão nos tecidos sobre os ossos. (Fig. 6.5)










6.6 PRESSÃO NA BEXIGA URINÁRIA


Uma das mais notáveis pressões internas é a pressão na bexiga devido ao acumulo de urina. A Figura 6.6 mostra a curva típica pressão - volume para a bexiga, que estica quando o volume aumenta. Poder-se-ia ingenuamente esperar o aumento na pressão ser proporcional ao volume. Entretanto, para um dado aumento do raio R o volume aumenta com R3 enquanto a pressão cresce somente com R2. Esta relação largamente explica a inclinação relativamente baixa da maior parte da curva pressão - volume na Fig. 6.6. Para adultos, o volume máximo típico na bexiga antes de esvaziar é 500 ml. Em algumas pressões (~ 30 cm H2O) a micturição ("gotta go") reflexo ocorre. A resultante contração muscular bastante grande nas paredes da bexiga produz uma pressão momentânea de até 150 cm H2O. Garotos ocasionalmente fazem o "experimento" físico de medir esta pressão máxima diretamente observando quão alto eles podem urinar na parede de uma construção. A pressão normal de esvaziamento é bem baixa ( 20 a 40 cm H2O), mas para homens que sofrem de obstrução prostática da passagem urinária pode ser acima de 100 cm H2O.
A pressão na bexiga pode ser medida passando um cateter com um sensor de pressão no interior da bexiga através da passagem urinária (uretra). Em direta cistometria a pressão é medida por meio de uma agulha inserida através das paredes do abdômen diretamente na bexiga (Fig. 6.7). Esta técnica dá informação da função das válvulas fechadas (esfíncter) que não podem ser obtidas com a técnica do cateter 


A pressão da bexiga aumenta durante a tosse, esforços e permanecendo em pé. Durante a gravidez, o peso do feto sobre a bexiga aumenta a pressão da bexiga e causa freqüente micção. Uma situação estressante também pode produzir um aumento de pressão; estudando para exames freqüentemente resulta em muitas idas ao banheiro devido ao "nervosismo".

6.7 EFEITOS DA PRESSÃO DURANTE O MERGULHO
Desde que o corpo é composto principalmente de sólidos e líquidos , que são aproximadamente incompressíveis, as variações de pressão não afetam a maioria deles. Entretanto, existem cavidades gasosas no corpo onde variações repentinas de pressões podem produzir efeitos profundos . Para entender porque, devemos recordar a lei de Boyle: para uma quantidade fixada de gás numa temperatura fixada o produto da pressão absoluta e o volume é constante (PV = constante). Isto é, se a pressão absoluta é dobrada, o volume cai para a metade. Aplicações da lei de Boyle mergulhos subaquáticos são dados no Exemplo 6.2
Exemplo 6.2

Que volume de ar numa pressão atmosférica de 1,01 x 105 N/m2 é necessário para encher um tanque de respiração subaquática de 14,2 litros até uma pressão de 1,45 x 107 N/m2?
P1V1 = P2 V2
(1.01 x 105) (V1) = (1.45 x 107) (14.2)V1 = 2 x 103 litros
Desde que no nível do mar um mergulhador usa cerca 14,2 litros de ar por minuto durante atividade moderada, o tanque em (a) esvaziaria em cerca de 144 minutos. Quanto tempo levaria o tanque para esvaziar numa profundidade de 10 m onde a pressão é aumentada por 1 atmosfera, assumindo a mesma razão volumétrica de uso ?
Desde que a pressão absoluta é duas vezes maior (2 atm), o tanque esvaziará em somente 72 min. (Entretanto, nenhum mergulhador consciente esvaziaria completamente este tanque durante um mergulho, pois, então, ele teria que voltar à superfície sem ar ).
O ouvido médio é uma cavidade de ar que existe dentro do corpo (Fig. 13.1). Para ser confortável a pressão no ouvido médio se igualaria a pressão do lado de fora do tímpano. Esta equalização é produzida pelo fluxo de ar através do tubo de Eustáquio, que está geralmente fechado exceto durante o engolir, a mastigação e o bocejo. Ao mergulhar, muitas pessoas tem dificuldade de obter equalização de pressão e sentem a pressão nos seus ouvidos. Um diferencial de pressão de 120 mm Hg através do tímpano, que pode ocorrer em cerca de 1,7 m de água, pode causar uma ruptura no tímpano. A ruptura pode ser séria desde que água fria no ouvido médio pode afetar o vestibular ou mecanismo de balanço e causar náusea e vertigem. Um método de equalização usado pelos mergulhadores é aumentar a pressão na boca segurando o nariz e tentando soprar para fora; quando a pressão se iguala o mergulhador pode freqüentemente "ouvir" em ambos ouvidos um "estalo".
Uma condição menos séria é o sinus squeeze. Durante um mergulho a pressão na cavidade sinus no crânio geralmente equaliza com a pressão na vizinhança. Se um mergulhador tem frio, a cavidade sinus pode tornar-se fechada e não igualar, causando dor. Um outro efeito da pressão é a dor durante e após comprimir os pequenos volumes de ar presos debaixo da obturação nos dentes. Eye squeeze pode ocorrer se um arregalar de olhos são usados em vez de uma careta; com uma careta o ar exalado dos pulmões aumenta a pressão sobre os olhos quando o descent é feito.
Se um mergulhador subaquático numa profundidade de 10 m segura sua respiração e vem para a superfície, o volume de ar expandirá por um fator de dois e assim causará um sério aumento de pressão nos pulmões. Se os pulmões estão cheios até a sua capacidade máxima, uma elevação de somente 1,2 m pode causar sérios prejuízos aos pulmões. Todos mergulhadores subaquáticos aprendem durante o treinamento evitar prender a respiração durante a elevação e expirar continuamente se uma elevação rápida é necessária.
A pressão nos pulmões em qualquer profundidade é maior que a pressão nos pulmões ao nível do mar. Isto significa que o ar nos pulmões é mais denso debaixo d’água e que as pressões parciais de todos os componentes do ar são proporcionalmente maiores. A pressão parcial maior de oxigênio causa mais moléculas de oxigênio serem transferidas para o sangue, e resulta no envenenamento por oxigênio se a pressão parcial do oxigênio ficar muito alta (Fig. 6.8). Geralmente o envenenamento por oxigênio ocorre quando a pressão parcial do oxigênio é cerca de 0,8 atm (quando a pressão absoluta do ar é cerca de 4 atm), ou numa profundidade de cerca de 30 m.
Respirando ar numa profundidade de 30 m é também prejudicial porque pode resultar num excesso de nitrogênio no sangue e tecidos. Isto pode produzir dois sérios problemas: necrose óssea de nitrogênio, que é um efeito de intoxicação (Fig. 6.8) e as cãimbras, ou










mal estar de descompressão, que é um problema da elevação. Enquanto o oxigênio é transportado principalmente por ação química aos glóbulos vermelhos, nitrogênio é dissolvido no sangue e tecidos. De acordo com a lei de Henry, a quantidade de gás que dissolverá num líquido é proporcional à pressão parcial do gás em contato com o líquido. Assim mais nitrogênio é dissolvido no sangue e de lá para os tecidos quando o mergulhador vai mais fundo desde que a pressão do ar e assim a pressão parcial do nitrogênio está aumentando. Quando o mergulhador sobe, o nitrogênio extra nos tecidos deve ser removido via sangue e pulmões. A remoção é um processo lento e se o mergulhador sobe bem rápido bolhas se formam nos tecidos e nas juntas. As cãimbras são bastante doloridas. Mergulhadores acometidos disto são geralmente recomprimidos numa câmara; a pressão na câmara é diminuída lentamente de modo que o nitrogênio possa ser removido dos tecidos via sangue e pulmões.
Outros problemas podem ocorrer durante a elevação. Uma das membranas que separam o ar e o sangue nos pulmões pode romper-se, permitindo o ar ir diretamente para o fluxo sangüíneo (embolia de ar). O ar pode também ficar preso sob a pele ao redor da base do pescoço ou no meio do peito. Ainda mais, pneumotórax (colapso dos pulmões) pode resultar se o ar ficar entre os pulmões e as paredes do peito (verCapítulo 7). Estes problemas são melhores tratados por um médico.
6.8 TERAPIA COM OXIGÊNIO HIPERBÁRICO (HOT)
O corpo normalmente vive numa atmosfera que tem cerca de um quinto de oxigênio e quatro quintos de nitrogênio. Em algumas situações médicas é benéfico aumentar a proporção de oxigênio afim de prover mais oxigênio para os tecidos. Tendas de oxigênio são freqüentemente usadas para este propósito. Para aumentar bastante a quantidade de oxigênio, os engenheiros médicos construíram câmaras especiais de oxigênio de alta pressão (hiperbárica). Algumas são grandes o suficiente para um paciente, enquanto outras são tão grandes que servem como sala de cirurgia.
Gangrena gasosa é uma doença que matava mais da metade de suas vítimas antes que a terapia com oxigênio hiperbárico (HOT) fosse desenvolvida. Como o bacilo que causa a gangrena gasosa não pode sobreviver na presença do oxigênio, quase todos os pacientes de gangrena gasosa tratados com HOT são curados sem a necessidade de amputação – o melhor método anterior de tratamento.
Num envenenamento por monóxido de carbono os glóbulos vermelhos não podem carregar oxigênio para os tecidos porque o monóxido de carbono se fixa à hemoglobina nos lugares normalmente usados pelo oxigênio. A presença mesmo de poucas moléculas de monóxido de carbono num glóbulo vermelho reduz grandemente a habilidade da célula transportar oxigênio. Normalmente a quantidade de oxigênio dissolvida no sangue é cerca de 2% daquela levada pelos glóbulos vermelhos. Com o HOT , a pressão parcial do oxigênio pode ser aumentada por um fator de 15, permitindo bastante oxigênio ser dissolvido para preencher as necessidades do corpo. Muitas vítimas do envenenamento por monóxido de carbono são salvas com esta técnica.
Oxigênio hiperbárico tem sido usado em conjunção com radiação no tratamento do câncer. O paciente era colocado dentro de um tanque plástico transparente, e a radiação era dirigida através das paredes para o tumor. A teoria era que mais oxigênio tornaria as células fracamente oxigenadas resistentes às radiações no centro do tumor mais sensível aos danos da radiação. Esta técnica, que funcionou bem nos laboratórios nas células e ratos, não produziu resultados notadamente melhores que as técnicas presentes para os humanos. O uso de oxigênio pressurizado até 3 atm requer atendimento constante do médico e das enfermeiras. Os tímpanos dos pacientes foram intencionalmente furados para ajudar no processo de equalização das pressões, e o processo todo terminado cerca de 1 h enquanto os tratamentos convencionais levam cerca de 10 min.
Como muitos dos desenvolvimentos na medicina , a terapia com oxigênio hiperbárico trouxe novos problemas. A atmosfera de oxigênio corre muito mais de incendiar-se – três astronautas morreram numa atmosfera de oxigênio puro numa espaçonave U.S.A. durante teste preliminares em 1967. Um outro problema é o risco de ruptura do tanque devido às altas pressões utilizadas. Uma tal ruptura ocorreu no mínimo numa ocasião, prejudicando seriamente o paciente e o médico atendente.. Entretanto, perigos físicos como estes são geralmente mais fáceis de se avaliarem e se evitarem do que os perigos biológicos, que são usualmente muito pouco entendidos (p. ex., poluição do ar).
BIBLIOGRAFIABrummelkamp, W.H., Hyperbaric Oxygen Therapy in Clostrídial Infections, Type Welchii, Bohn, Haarlem, 1965.
Fundamentals of Hyperbaric Medicine, National Research Council Committee on Hyperbaric Oxygenation, Publication 1298, National Academy of Sciences – National Research Council, Washington, D.C., 1966.
New Science of Skin and Scuba Diving, 4th revised ed., Council for National Cooperation in Aquatics, Associated Press, New York, 1974.
QUESTÕES DE REVISÃO
O que é pressão negativa?
Calcule a pressão em milímetros de mercúrio que é igual a uma pressão de 20 cm H2O.
O que causa as cãimbras? Como uma vítima com cãimbra é tratada?
Assuma que você é um mergulhador se preparando para um mergulho de 10 m em água salgada.
a. Qual pressão absoluta e qual a pressão manométrica que você experimentará?
b. Normalmente seus pulmões tem um volume disponível de 6 litros. O que acontecerá com o volume
c. Suponha que você não possa equalizar a pressão no seu ouvido médio. O que acontecerá durante o mergulho?
A pressão venosa é tipicamente cerca de 5 mm Hg. Descreva um método para medir esta pressão.
Pressão positiva é usada na transfusão de sangue. Suponha um recipiente é colocado a 1 m acima de uma veia com uma pressão venosa de 2 mm Hg; se a densidade do sangue é 1.04 g/cm3, qual é a pressão líquida atuando para transferir o sangue para a veia?
Suponha que você é um mergulhador de grandes profundidades se preparando para um mergulho de 30 m.
A. Qual a pressão absoluta e a pressão manométrica que você experimentaria?
B. Qual seria sua razão de consumo de ar comparada aquela no nível do mar?
Pressão negativa ou sucção é freqüentemente usada para drenar cavidades do corpo. Num arranjo de drenagem para região gastrointestinal mostrada, a pressão negativa é fornecida por uma coleção de garrafa é 10 mm Hg e o extremo superior do tubo está a 37 cm acima do extremo do tubo no corpo. Encontre a pressão negativa no extremo inferior do tubo.








Pressão atmosférica é devida ao peso do ar acima de nós. A densidade de ar é 1.3 x 10-3 g/cm3. Qual é o peso em dinas de 1 cm3 de ar? Se este peso fosse espalhado sobre 1 cm2 qual seria a pressão? Que fração de 1 atm ela seria?
Usando a densidade do ar dada na questão de revisão 9, calcule a diferença de pressão em dinas por centímetro quadrado e em milímetros de mercúrio entre o fundo e o topo de uma construção de 30 m de altura ( 8 pavimentos).

Oque é pressao ocular?

Em nosso olho existe um líquido que está em constante troca com o meio exterior ao olho. Este fluido exerce (como todo fluido) pressão nas paredes do olho. Em alguns casos a produção do fluido é maior q a vazão gerando um aumento da pressão intra ocular e q pode danificar o nervo ótico levando inclusive a cegueira: Que é o glaucoma. A pressão normal varia de pessao, mas normalmente 14 é um valor aceitavel.
quando a pressão está alta o médico receita um colírio (existem vários). Se ela não baixar ele pode abrir um ducto no olho para melhorar a saida camtínua desse líquido.

Como funciona o olho humano?O Olho Humano

O Olho Humano

Como funciona o olho humano?


Quando olhamos na direção de algum objeto, a imagem atravessa a córnea e chega à íris, que regula a quantidade de luz recebida por meio de uma abertura chamada pupila. Quanto maior a pupila, mais luz entra no olho. Passada a pupila, a imagem chega ao cristalino e é focada sobre a retina. A lente do olho produz uma imagem invertida e o cérebro a converte para a posição correta. Na retina, mais de cem milhões de células fotorreceptoras transformam as ondas luminosas em impulsos eletroquímicos, que são decodificados pelo cérebro.
Inspirado no funcionamento do olho, o homem criou a máquina fotográfica. Portanto, em nossos olhos a córnea funciona como a lente da câmera, permitindo a entrada de luz no olho e a formação da imagem na retina. Localizada na parte interna do olho, a retina seria o filme fotográfico, onde a imagem se reproduz. A pupila funciona como o diafragma da máquina, controlando a quantidade de luz que entra no olho, por isso em ambientes com muita luz a pupila se fecha e em locais escuros a pupila se dilata com o intuito de captar uma quantidade de luz suficiente para formar a imagem.
A seguir, conheça todos os componentes do olho humano.
Cílios: são pelos localizados na borda da pálpebra e servem para proteger o olho de materiais em suspensão no ar, como a poeira.
Conjuntiva: é a membrana transparente que reveste a parte anterior do olho e a superfície interior das pálpebras.
Córnea: é o tecido transparente que cobre a pupila, a abertura da íris. Junto com o cristalino, a córnea ajusta o foco da imagem no olho.
Coroide: camada média do globo ocular. Constituída por uma rede de vasos sanguíneos, ela supre a retina de oxigênio e outros nutrientes.
Corpo ciliar: localizado atrás da íris, o corpo ciliar é responsável pela formação do humor aquoso e pela acomodação, ou seja, mobilidade do cristalino.
Cristalino: lente transparente e flexível, localizada atrás da pupila. Funciona como uma lente, cujo formato pode ser ajustado para focar objetos em diferentes distâncias, num mecanismo chamado acomodação.
Esclera: camada externa do globo ocular - parte branca do olho. Semi-rígida, ela dá ao globo ocular seu formato e protege as camadas internas mais delicadas.
Fóvea central: porção de cada um dos olhos que permite perceber detalhes dos objetos observados. Localizada no centro da retina, é muito bem irrigada de sangue e possibilita, através das células cônicas, a percepção das cores.
Humor aquoso: líquido transparente que preenche o espaço entre a córnea e o cristalino. Sua principal função é nutrir essas partes do olho e regular a pressão interna.
Humor vítreo: líquido que ocupa o espaço entre o cristalino e a retina.
Íris: é um fino tecido muscular que apresenta, no centro, uma abertura circular ajustável chamada de pupila.
Mácula lútea: ponto central da retina. É a região que distingue detalhes no meio do campo visual.
Músculos ciliares: ajustam a forma do cristalino. Com o envelhecimento eles perdem sua elasticidade, dificultando a focagem dos objetos próximos e provocando presbiopia.
Músculos extrínsecos: conjunto de seis músculos responsáveis pelo movimento dos olhos. Trabalham em sincronismo, entre si, propiciando a movimentação simultânea dos olhos. Caso ocorra alguma alteração nesse sincronismo teremos a deficiência ocular chamada estrabismo.
Nervo óptico: é a estrutura formada pelos prolongamentos das células nervosas que formam a retina. Transmite a imagem capturada pela retina para o cérebro.

Entenda como funcionam a doação e o

Entenda como funcionam a doação e o 



Bem Estar desta quinta-feira (5) mostrou que doações podem salvar vidas.
Pessoas saudáveis de 18 a 55 anos podem se cadastrar como doadoras.


A medula óssea é uma estrutura que fica dentro dos ossos do corpo, responsável pela produção das células do sangue e das células de defesa.
Entre as células sanguíneas produzidas na medula óssea, estão os glóbulos brancos, os glóbulos vermelhos e as plaquetas, todas substâncias muito importantes para o transporte de oxigênio, hormônios e nutrientes para o organismo.
Se há algum problema na fabricação dessas células na medula, o corpo sofre consequências e a pessoa pode desenvolver leucemia, linfomas, anemias graves ou outras doenças do sangue, como explicaram o diretor do Centro de Medula Óssea do Inca, Luis Fernando Bouzas, e a hematologista Yana Novis no Bem Estar desta quinta-feira (5).
Há ainda a produção da célula-tronco, que pode dar origem a todos esses componentes do sangue - glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas.
A célula-tronco está presente também na medula óssea, no sangue periférico ou até mesmo no sangue que vem do cordão umbilical do bebê. Se há algum defeito nessas células-tronco, o paciente pode desenvolver alguma doença, como a leucemia, e pode precisar de um transplante de medula óssea, para "trocar" essa medula com defeito por outra saudável. A leucemia, como explicou o o médico Luis Fernando Bouzas, é a principal indicação para esse tipo de transplante.
Entre os sinais de alerta da leucemia, estão o cansaço, sangramento sem origem clara, mancha na pele sem motivo aparente, suor em excesso durante a noite e inchaço dos glânglios linfáticos.
No caso de qualquer um desses sintomas, é importante investigar e, houver necessidade, buscar doadores compatíveis – na família ou no banco de doadores de medula, como mostrou a reportagem da Marina Araújo(confira no vídeo).
No entanto, é muito difícil achar um doador compatível e, por isso, os médicos ressaltam a importância de doar para aumentar as possibilidades para os pacientes que precisam. Pessoas de 18 a 55 anos em bom estado de saúde podem se cadastrar para doar e, depois, precisam manter o cadastro atualizado para serem encontradas se houver necessidade.
De acordo com o médico Luis Fernando Bouzas, existem dois tipos de doação: a tradicional, em que é retirado o sangue da medula diretamente da bacia, com uma agulha e também sob anestesia.
Nesse caso, é retirado de 10% a 15% das células e, depois de 15 ou 20 dias, elas já se regeneram e não prejudicam a qualidade de vida do doador. Há ainda a possibilidade do doador receber uma medicação injetável durante 4 ou 5 dias para estimular as células a saírem da medula, irem para o sangue e serem coletadas através da veia. 
Em algumas situações, existem tratamentos alternativos ao transplante, especialmente para crianças, e é possível ainda utilizar medicamentos para extrair células-tronco do sangue do próprio paciente. Como explicou a hematologista Yana Novis, uma das maneiras de encontrar as células-tronco é através do sangue do cordão umbilical após o nascimento do bebê. Esse sangue, antes jogado no lixo, foi utilizado para transplante pela primeira vez em 1988 e passou, desde então, a salvar vidas.
Como mostrou a reportagem do Phelipe Siani, a obtenção desse sangue do cordão umbilical não prejudica a saúde da mãe ou do bebê e o material pode ser armazenado por anos (confira no vídeo ao lado).
Quando obtido, esse sangue é guardado em um banco de cordão, que pode ser público ou privado. No público, onde os custos são cobertos pelo Sistema Único de Saúde, as células-tronco armazenadas vêm de doações voluntárias e sigilosas e podem ser usadas por qualquer pessoa desde que haja compatibilidade.
No banco privado, as células-tronco do sangue de cordão são armazenadas para uso próprio ou de pessoas da família, caso haja necessidade. Nesse caso, portanto, todos os custos são dos pais que contratam o serviço. No entanto, nem sempre é possível utilizar o próprio sangue e há algumas contraindicações, como o tratamento de doenças de origem genética ou certas leucemias já que o material pode carregar os mesmos “defeitos” responsáveis por algum desses problemas.