quinta-feira, 19 de abril de 2012

CÂNCER DE FÍGADO


INTRODUÇÃO
O fígado é um dos órgão mais acometidos por metástases de tumores de outros sítios primários. Aqui iremos abordar somente os tumores originários do fígado. O fígado é um dos maiores órgãos do nosso corpo e sua função é vital para a digestão e processamento dos nutrientes vindo dos alimentos. Entre as principais funções temos:
  • Coleta e filtra sangue do intestino.
  • Processa e armazena nutrientes necessários absorvidos pelo intestino.
  • Altera quimicamente [metaboliza] alguns nutrientes antes deles poderem ser utilizados pelo restante do corpo para obter energia, reparar e construir novos tecidos.
  • Produz fatores de coagulação sanguíneos.
  • Remove resíduos tóxicos do organismo.
  • Ajuda a equilibrar a glicemia adequada.
  • Os tipos de tumores primários do fígado são nomeados de acordo com o tipo de célula da onde se desenvolve o tumor. E são:
  • Carcinoma hepatocelular - corresponde a o tumor mais comum, que se origina na célula hepática, com 84% dos tumores de fígado.
  • Colangiocarcinomas - originam-se nas vias biliares e correspondem a 8% dos tumores primários de fígado
  • Angiossarcomas - originam-se dos vasos sanguíneos hepáticos e representam 8% dos casos.
INCIDÊNCIA
O câncer do fígado é o oitavo câncer mais comum no mundo. No Brasil, tem uma importância relativa menor, uma vez que ele não figura entre os dez mais incidentes. Essa doença afeta mais homens do que mulheres. Em 2003, aproximadamente 17.300 novos casos [11.700 homens e 5.600 mulheres] de câncer hepático diagnosticados nos EUA. A cada ano, estima-se que 14400 pessoas morrerão pela doença. A incidência e mortalidade do câncer hepático têm aumentado no mundo, principalmente em alguns países da Ásia e África.
MORTALIDADE= Cerca de 4% das mortes por câncer no Brasil, anualmente, são causados por câncer de fígado.
FATORES DE RISCO= Os tumores hepáticos são mais freqüentes em indivíduos com mais de 60 anos de idade. Apesar de alguns fatores ambientais aumentarem o risco de desenvolver o câncer hepático [por exemplo, exposição á certos produtos químicos e ingestão de alimentos com aflatoxinas] os maiores riscos são a infecção crônica do fígado pelo vírus da hepatite B ou C e cirrose hepática.
HEPATITE VIRAL = Os três tipos mais comuns de hepatite são a hepatite A, B e C. O vírus A não costuma dar infecções crônicas e não está associado ao câncer de fígado. Pessoas infectadas pelo vírus B tem 100 vezes mais chance de desenvolver o câncer hepático. A hepatite viral B ou C é transmitida através de contato com sangue infectado ou outros fluidos corporais, como no contato sexual. A prevenção pode ser feita através de vacinação, no caso da hepatite B. Ainda não existe vacina para a hepatite C.
CIRROSE = A cirrose ocorre quando as células do fígado são destruídas e são substituídas por um tecido cicatricial. A maioria dos casos de cirrose são consequência do uso abusivo de bebidas alcoólicas. Outras causas incluem, hepatites virais, a hemocromatose [doença onde ocorre excesso de ferro no fígado] e alguns casos mais raros de doenças crônicas do fígado.
PREVENINDO O CANCER HEPÁTICO
A prevenção seria principalmente através da prevenção da hepatite B e C e da cirrose hepática. Vacinação contra hepatite B, tomar medidas contra o alcoolismo e cuidados no banco de sangue e no manuseio de materiais pérfuro-cortantes como agulhas seriam as principais medidas preventivas.
SINAIS DE ALERTA
Geralmente não existem sinais e sintomas, precocemente, ocorrendo quando a doença já está avançada. Os principais são:
  • Dor: na parte superior direita do abdomen, que pode se irradiar para o ombro direito; próximo ao ombro direito, região escapular; nas costas
  • Perda de peso
  • Aumento do volume abdominal, com ou sem massa endurecida abaixo da costela do lado direito, indicando um aumento do fígado.
  • Fraqueza e mal-estar generalizado
  • Icterícia [pele e mucosas amareladas]
Os tumores têm sido diagnosticados mais precocemente em pacientes que estejam em alto risco de desenvolvê-las, como os portadores de cirrose ou com infecção crônica de hepatite B ou C. Em pessoas sem estas características, esses sintomas em geral são também relacionados com outras doenças benignas. O câncer de fígado só passa a ser considerado como hipótese quando os sintomas demoram muito tempo para passar, ou então pioram abruptamente.
DIAGNÓSTICO= Pessoas com sintomas devem procurar um médico. Durante a consulta o medico realizará o exame físico para detector alterações no fígado, baço, inchaços e procurar por sinais de icterícia. O medico poderá pedir exames de sangue, de hepatite B e C e outros exames importantes para o diagnóstico tais como:
  • Ultrassom de abdomen - usado para avaliar o fígado, baço, linfonodos e rins.
  • Tomografia Computadorizada - usa raios-x para criar detalhes do fígado vasos sanguíneos e outros órgãos. Pode ser usado um contraste injetado pela veia que torna o fígado e os tumores mais claros.
  • Ressonância Nuclear Magnética - usa ondas eletromagnéticas para fazer desenhos detalhados das estruturas do nossos corpos. Às vezes é capaz de diferenciar um tumor benigno de tumor maligno.
  • Laparoscopia - Utiliza um tubo fino e iluminado para visualizar o interior do abdomen, que é inserido através de uma pequena incisão.
  • Biopsia- remove um pequeno fragmento de tecido para exame microscópico. Os outros exames podem sugerir o diagnóstico de câncer porém a biópsia é o único exame que dá certeza. A biópsia pode ser realizada durante a laparoscopia, por aspiração de agulha fina ou usando uma agulha grossa.
COMO SE ESPALHA= O câncer de fígado pode se espalhar para outras áreas através do sistema linfático ou sangüíneo. A maioria das metástases ocorre nos pulmões e nos ossos. As células tumorais podem também se espalhar pela cavidade abdominal, causando acúmulo de líquido [ascite] ou massas, em qualquer parte do abdômen.
ESTADIAMENTO
Para os tumores originários no fígado, exames podem ser realizados para determinar o tamanho dos tumores e se o câncer se espalhou para outras áreas do corpo. Os médicos especialistas utilizam estas informações para definir o estágio do câncer. Este fato auxilia na decisão do tratamento e pode ajudar a predizer um prognóstico.
Estágio I= É o estágio menos invasivo, onde o tumor não atinge vasos sanguíneos, linfonodos ou outros órgãos.
Estágio II= O tumor compromete vasos sanguíneos próximos, mas ainda não atingiu linfonodos regionais ou outras partes do corpo.
Estágio IIIA= O tumor ainda não saiu do fígado, porém a área de tumor é maior que no estágio I ou II e freqüentemente invade vasos sanguíneos próximos.
Estágio IIIB=O tumor atinge órgãos próximos ao fígado, mas não atinge linfonodos ou outras partes do corpo.
Estágio IIIC= Qualquer tamanho de tumor que já tenha atingido os linfonodos da região porém não outras partes do corpo.
Estágio IV= Qualquer tamanho de tumor que já tenha se espalhado em outras parte do corpo.
No tumor hepático, além do estadiamento, o grau de funcionamento hepático também interfere na decisão do tipo de tratamento, devido à possíveis infecções crônicas e cirrose que podem deixar o fígado sem reservas para agüentar uma cirurgia, por exemplo. Além do estadiamento, o tumor é classificado em:
Localizado e ressecável: O tumor está em uma área de fígado, deixando outras áreas saudáveis e pode ser removido cirurgicamente.
Localizado e Não-ressecável: O tumor é encontrado em uma parte do fígado, porém não pode ser retirado cirurgicamente.
Avançado: O tumor já compromete grande parte do fígado e/ou outros órgãos como pulmões e ossos.
Recorrente: O câncer voltou após tratamento. Pode voltar no fígado ou em outro órgão.
TRATAMENTO= A cirurgia, radioterapia e quimioterapia podem ser usadas para tratar os tumores hepáticos. O tipo de tratamento selecionado para cada paciente depende de alguns fatores como: Se o tumor está limitado ao fígado, Se o tumor está limitado à área onde se iniciou ou se espalhou por todo o fígado, O estado geral do doente.
CIRURGIA= Existem dois tipos principais na abordagem ao câncer hepático. A área afetada é removida ou um transplante de fígado pode ser feito. Quando apenas um porção do fígado é retirado, a cirurgia é chamada de hepatectomia. A hepatectomia pode ser realizada somente se: O câncer está limitado a uma parte do fígado e se o fígado está funcionando bem.
A porção que permanece do fígado supre as funções de todo o fígado e pode em alguns casos, regenerar até o tamanho normal em algumas semanas.
Outras vezes um transplante de fígado pode ser cogitado. Este procedimento só pode ser feito se o câncer está confinado no fígado e existir um doador compatível.
Radioterapia
É a técnica que utiliza raios X de alta energia para matar células tumorais ou reduzir o tamanho do tumor. Ela não é muito empregada em tumores hepáticos, sendo usados mais para aliviar alguns sintomas como dor e sangramento.
Quimioterapia
A quimioterapia faz uso de medicamentos para matar as células cancerosas. O paciente pode receber uma droga ou uma combinação delas. O tratamento dos tumores hepáticos é basicamente cirúrgico, porém ela é possível em uma pequena parcela dos pacientes. Existem alguns tratamentos paliativos, isto é, que melhoram sintomas, mas não aumentam o tempo de sobrevida do paciente. Entre estes tratamentos estão a alcoolização das lesões, a embolização e a quimioembolização.
Câncer de fígado avançado
O câncer avançado que já comprometeu outros órgãos não possui cura, porém os médicos podem usar tratamentos para diminuir a velocidade de progressão da doença e promover melhora dos sintomas. O tratamento para o câncer avançado pode incluir quimioterapia, radioterapia ou ambos. Cuidados paliativos para controle da dor e outros sintomas podem ser feitos para deixar o doente mais confortável.
Sobrevivência
O prognóstico é extremamente reservado. A sobrevida em cinco anos é de aproximadamente 1% a 7%.

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