
O fígado é um dos órgão mais acometidos por metástases de tumores de outros sítios primários. Aqui iremos abordar somente os tumores originários do fígado. O fígado é um dos maiores órgãos do nosso corpo e sua função é vital para a digestão e processamento dos nutrientes vindo dos alimentos. Entre as principais funções temos:
- Coleta e filtra sangue do intestino.
- Processa e armazena nutrientes necessários absorvidos pelo intestino.
- Altera quimicamente [metaboliza] alguns nutrientes antes deles poderem ser utilizados pelo restante do corpo para obter energia, reparar e construir novos tecidos.
- Produz fatores de coagulação sanguíneos.
- Remove resíduos tóxicos do organismo.
- Ajuda a equilibrar a glicemia adequada.
- Os tipos de tumores primários do fígado são nomeados de acordo com o tipo de célula da onde se desenvolve o tumor. E são:
- Carcinoma hepatocelular - corresponde a o tumor mais comum, que se origina na célula hepática, com 84% dos tumores de fígado.
- Colangiocarcinomas - originam-se nas vias biliares e correspondem a 8% dos tumores primários de fígado
- Angiossarcomas - originam-se dos vasos sanguíneos hepáticos e representam 8% dos casos.
INCIDÊNCIA

MORTALIDADE= Cerca de 4% das mortes por câncer no Brasil, anualmente, são causados por câncer de fígado.
FATORES DE RISCO= Os tumores hepáticos são mais freqüentes em indivíduos com mais de 60 anos de idade. Apesar de alguns fatores ambientais aumentarem o risco de desenvolver o câncer hepático [por exemplo, exposição á certos produtos químicos e ingestão de alimentos com aflatoxinas] os maiores riscos são a infecção crônica do fígado pelo vírus da hepatite B ou C e cirrose hepática.
HEPATITE VIRAL = Os três tipos mais comuns de hepatite são a hepatite A, B e C. O vírus A não costuma dar infecções crônicas e não está associado ao câncer de fígado. Pessoas infectadas pelo vírus B tem 100 vezes mais chance de desenvolver o câncer hepático. A hepatite viral B ou C é transmitida através de contato com sangue infectado ou outros fluidos corporais, como no contato sexual. A prevenção pode ser feita através de vacinação, no caso da hepatite B. Ainda não existe vacina para a hepatite C.
CIRROSE = A cirrose ocorre quando as células do fígado são destruídas e são substituídas por um tecido cicatricial. A maioria dos casos de cirrose são consequência do uso abusivo de bebidas alcoólicas. Outras causas incluem, hepatites virais, a hemocromatose [doença onde ocorre excesso de ferro no fígado] e alguns casos mais raros de doenças crônicas do fígado.
PREVENINDO O CANCER HEPÁTICO
A prevenção seria principalmente através da prevenção da hepatite B e C e da cirrose hepática. Vacinação contra hepatite B, tomar medidas contra o alcoolismo e cuidados no banco de sangue e no manuseio de materiais pérfuro-cortantes como agulhas seriam as principais medidas preventivas.
SINAIS DE ALERTA
Geralmente não existem sinais e sintomas, precocemente, ocorrendo quando a doença já está avançada. Os principais são:
- Dor: na parte superior direita do abdomen, que pode se irradiar para o ombro direito; próximo ao ombro direito, região escapular; nas costas
- Perda de peso
- Aumento do volume abdominal, com ou sem massa endurecida abaixo da costela do lado direito, indicando um aumento do fígado.
- Fraqueza e mal-estar generalizado
- Icterícia [pele e mucosas amareladas]
Os tumores têm sido diagnosticados mais precocemente em pacientes que estejam em alto risco de desenvolvê-las, como os portadores de cirrose ou com infecção crônica de hepatite B ou C. Em pessoas sem estas características, esses sintomas em geral são também relacionados com outras doenças benignas. O câncer de fígado só passa a ser considerado como hipótese quando os sintomas demoram muito tempo para passar, ou então pioram abruptamente.
DIAGNÓSTICO= Pessoas com sintomas devem procurar um médico. Durante a consulta o medico realizará o exame físico para detector alterações no fígado, baço, inchaços e procurar por sinais de icterícia. O medico poderá pedir exames de sangue, de hepatite B e C e outros exames importantes para o diagnóstico tais como:
- Ultrassom de abdomen - usado para avaliar o fígado, baço, linfonodos e rins.
- Tomografia Computadorizada - usa raios-x para criar detalhes do fígado vasos sanguíneos e outros órgãos. Pode ser usado um contraste injetado pela veia que torna o fígado e os tumores mais claros.
- Ressonância Nuclear Magnética - usa ondas eletromagnéticas para fazer desenhos detalhados das estruturas do nossos corpos. Às vezes é capaz de diferenciar um tumor benigno de tumor maligno.
- Laparoscopia - Utiliza um tubo fino e iluminado para visualizar o interior do abdomen, que é inserido através de uma pequena incisão.
- Biopsia- remove um pequeno fragmento de tecido para exame microscópico. Os outros exames podem sugerir o diagnóstico de câncer porém a biópsia é o único exame que dá certeza. A biópsia pode ser realizada durante a laparoscopia, por aspiração de agulha fina ou usando uma agulha grossa.
COMO SE ESPALHA= O câncer de fígado pode se espalhar para outras áreas através do sistema linfático ou sangüíneo. A maioria das metástases ocorre nos pulmões e nos ossos. As células tumorais podem também se espalhar pela cavidade abdominal, causando acúmulo de líquido [ascite] ou massas, em qualquer parte do abdômen.
ESTADIAMENTO
Para os tumores originários no fígado, exames podem ser realizados para determinar o tamanho dos tumores e se o câncer se espalhou para outras áreas do corpo. Os médicos especialistas utilizam estas informações para definir o estágio do câncer. Este fato auxilia na decisão do tratamento e pode ajudar a predizer um prognóstico.
Estágio I= É o estágio menos invasivo, onde o tumor não atinge vasos sanguíneos, linfonodos ou outros órgãos.
Estágio II= O tumor compromete vasos sanguíneos próximos, mas ainda não atingiu linfonodos regionais ou outras partes do corpo.
Estágio IIIA= O tumor ainda não saiu do fígado, porém a área de tumor é maior que no estágio I ou II e freqüentemente invade vasos sanguíneos próximos.
Estágio IIIB=O tumor atinge órgãos próximos ao fígado, mas não atinge linfonodos ou outras partes do corpo.
Estágio IIIC= Qualquer tamanho de tumor que já tenha atingido os linfonodos da região porém não outras partes do corpo.
Estágio IV= Qualquer tamanho de tumor que já tenha se espalhado em outras parte do corpo.
No tumor hepático, além do estadiamento, o grau de funcionamento hepático também interfere na decisão do tipo de tratamento, devido à possíveis infecções crônicas e cirrose que podem deixar o fígado sem reservas para agüentar uma cirurgia, por exemplo. Além do estadiamento, o tumor é classificado em:
Localizado e ressecável: O tumor está em uma área de fígado, deixando outras áreas saudáveis e pode ser removido cirurgicamente.
Localizado e Não-ressecável: O tumor é encontrado em uma parte do fígado, porém não pode ser retirado cirurgicamente.
Avançado: O tumor já compromete grande parte do fígado e/ou outros órgãos como pulmões e ossos.
Recorrente: O câncer voltou após tratamento. Pode voltar no fígado ou em outro órgão.
TRATAMENTO= A cirurgia, radioterapia e quimioterapia podem ser usadas para tratar os tumores hepáticos. O tipo de tratamento selecionado para cada paciente depende de alguns fatores como: Se o tumor está limitado ao fígado, Se o tumor está limitado à área onde se iniciou ou se espalhou por todo o fígado, O estado geral do doente.
CIRURGIA= Existem dois tipos principais na abordagem ao câncer hepático. A área afetada é removida ou um transplante de fígado pode ser feito. Quando apenas um porção do fígado é retirado, a cirurgia é chamada de hepatectomia. A hepatectomia pode ser realizada somente se: O câncer está limitado a uma parte do fígado e se o fígado está funcionando bem.
A porção que permanece do fígado supre as funções de todo o fígado e pode em alguns casos, regenerar até o tamanho normal em algumas semanas.
Outras vezes um transplante de fígado pode ser cogitado. Este procedimento só pode ser feito se o câncer está confinado no fígado e existir um doador compatível.
Outras vezes um transplante de fígado pode ser cogitado. Este procedimento só pode ser feito se o câncer está confinado no fígado e existir um doador compatível.
Radioterapia
É a técnica que utiliza raios X de alta energia para matar células tumorais ou reduzir o tamanho do tumor. Ela não é muito empregada em tumores hepáticos, sendo usados mais para aliviar alguns sintomas como dor e sangramento.
Quimioterapia
A quimioterapia faz uso de medicamentos para matar as células cancerosas. O paciente pode receber uma droga ou uma combinação delas. O tratamento dos tumores hepáticos é basicamente cirúrgico, porém ela é possível em uma pequena parcela dos pacientes. Existem alguns tratamentos paliativos, isto é, que melhoram sintomas, mas não aumentam o tempo de sobrevida do paciente. Entre estes tratamentos estão a alcoolização das lesões, a embolização e a quimioembolização.
Câncer de fígado avançado
O câncer avançado que já comprometeu outros órgãos não possui cura, porém os médicos podem usar tratamentos para diminuir a velocidade de progressão da doença e promover melhora dos sintomas. O tratamento para o câncer avançado pode incluir quimioterapia, radioterapia ou ambos. Cuidados paliativos para controle da dor e outros sintomas podem ser feitos para deixar o doente mais confortável.
Sobrevivência
O prognóstico é extremamente reservado. A sobrevida em cinco anos é de aproximadamente 1% a 7%.
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