O termo câncer de cabeça e pescoço envolve uma gama extensiva de tumores que acontecem em várias áreas da cabeça e da região do pescoço desde lábios, fossas nasais, seios paranasais, boca, garganta, laringe (caixa da voz), faringe, nódulos linfáticos, glândulas salivares e a glândula tiróide.
Cânceres que se desenvolvem no couro cabeludo, pele da face ou pescoço também podem ser considerados cânceres de cabeça e de pescoço. Os tumores ocorrem em múltiplas regiões e sub-regiões anatômicas (aproximadamente 35) e cada uma com sua história natural.
Requer tratamento multidisciplinar e multimodal. Em muitos países os pacientes chegam com doença avançada em aproximadamente 65% dos casos.
Epidemiologia:
Existe muita diferença entre os fatores causais nos diversos países, devido as diferenças e costumes sociais:
Em nosso meio está em 5º lugar na incidência em homens e em 7º lugar entre as mulheres.
Atinge mais em homens que em mulheres (3:1).
Idade acima de 50 anos tem maior incidência.
Tabagismo e alcoolismo associados podem aumentar em 15 vezes ao chance de desenvolver um tumor de boca ou laringe.
O HPV é frequentemente identificado nos carcinomas de boca e amígdala.
Existem outros fatores associados no desenvolvimento dos tumores de cabeça e pescoço que incluem: sífilis (câncer de língua), exposição ao sol (câncer de lábio inferior), exposição ao níquel (câncer de cavidade nasal e seios paranasais), trabalho com madeira (câncer de seio maxilar), deficiência crônica de ferro( tumores de esôfago superior), ingesta baixa de frutas e verduras e radiação ionizante ( tumores de glândula salivar e tireóide).
Rastreamento
Deve ser realizado principalmente nas pessoas que fumam e utilizam álcool há mais de 40 anos e que apresentem sintomas de cabeça e pescoço que perdurem por mais de 4 semanas, devem ser cuidadosamente investigados.
As alterações pré-malígnas na boca são:
Leucoplasias: consiste em placa esbranquiçada e está associado a incidência de 5-10% de câncer e 50% se a lesão for na língua.
Eritroplasias: consiste em lesão avermelhada de aspecto aveludado e apresenta uma incidência de 80-90% de displasia severa ou carcinoma in situ.
Feridas ulceradas na boca.
Outros sintomas
Rouquidão persistente.
Caroço no pescoço que seja maior que 2cm ou tenha aparecido há mais de 2 meses.
Dor no ouvido e ou congestão nasal persistente.
Dor ou dificuldade pra engolir e emagrecimento.
Apresentando alguma destas sintomatologia um médico especialista em cancerologia, cabeça e pescoço ou otorrinolaringologista deve ser consultado para dar inicio na investigação diagnóstica.
Diagnóstico
O inicio de uma investigação de tumores de cabeça e pescoço inicia-se com minuciosa anamnese ( história clínica dos sinais e sintomas), seguida de um exame clínico de cabeça e do pescoço.
A confirmação diagnóstica vem com exames subsidiários:
Laringoscopia direta ou indireta;
Biópsia (por punção ou fragmento);
Ultra-sonografia com ou sem punção de nódulos pequenos de tireóide ou outros para confirmação diagnóstica;
Tomografia computadorizada de cabeça e pescoço;
Ressonância magnética (mais utilizada em base de crânio). Vem complementar a tomografia;
Rx do tórax, broncoscopia e endoscopia digestiva alta: investigação do pulmão e esôfago, já que aproximadamente 18-20% dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço tem um segundo tumor primário em esôfago ou pulmão;
Além de outros exames que podem ser solicitados para elucidação do caso clínico.
Estadiamento
Para um planejamento eficaz do tratamento é fundamental um estadiamento preciso, onde é considerando o tamanho do tumor, as sub-regiões acometidas, os linfonodos(gânglios linfáticos) comprometidos e presença de doença à distância (metástase). A classificação utilizada é o TMN 6ª edição ,2003.
Tratamento
Tratamento é individualizado e baseado no estadiamento TNM. O tratamento curativo está baseado na ressecção cirúrgica do tumor. A radioterapia também tem poder curativo em lesões pequenas menores que 2cm. Mas na grande maioria dos casos a cirurgia vem acompanhada de radioterapia pós-operatória para consolidar o tratamento. A quimioterapia tem espaço para tratamento paliativo em tumores recidivados de cabeça e pescoço. Mas tem papel fundamental se o tipo de câncer for linfoma ou rabdomiossarcoma.
Podemos associar a quimioterapia com radioterapia para tratar alguns tumores de cabeça e pescoço para preservação do órgão, com respostas próximas ou semelhantes à cirurgia.
Formas de tratamento no tumores de cabeça e pescoço:
Cirurgia
Radioterapia
Quimioterapia
Iodoterapia
Traqueostomia de emergência (orifício cirúrgico realizado na traquéia para a passagem do ar, devido a obstrução tumoral acima da traquéia).
Outros (laser de dióxido de carbono
No entanto existem várias modalidades de tratamento tanto cirúrgico como conservador. Temos sempre que individualizar o caso e adequar a melhor forma de tratamento com melhor ganho para o paciente.
A melhor forma de cura dos tumores de cabeça e pescoço é diagnóstico e o tratamento precoce .
Auto exame da boca
O que é o auto-exame da boca?
É uma técnica simples que a própria pessoa pode fazer, bastando que tenha um espelho e esteja num ambiente bem iluminado. A finalidade deste exame é identificar lesões precursoras do câncer de boca, uma doença curável se tratada no seu início.
Como fazer o auto-exame da boca?
Atenção: Lave bem a boca e remova próteses dentárias se for o caso.
De frente para o espelho, observe a pele do rosto e do pescoço. Veja se encontra algum sinal que não tenha notado antes. Toque suavemente com as pontas dos dedos todo o rosto.
Puxe com os dedos, o lábio inferior para baixo, expondo a sua parte interna (mucosa). Em seguida, apalpe todo o lábio. Puxe o lábio superior para cima e repita a palpação.
Com a ponta do dedo indicador, afaste a bochecha para examinar a parte interna da mesma. Faça isso nos dois lados.
Com a ponta do dedo indicador, percorra toda a gengiva superior e inferior.
Introduza o dedo indicador por baixo da língua e o polegar da mesma mão por baixo do queixo e procure palpar todo o assoalho da boca.
Incline a cabeça para trás e abrindo a boca o máximo possível, examine atentamente o céu da boca. Palpe com o dedo indicador todo o céu da boca. Em seguida diga ÁÁÁÁ... e observe o fundo da garganta.
Ponha a língua para fora e observe a parte de cima. Repita a observação com a língua levantada até o céu da boca. Em seguida puxando a língua para esquerda, observe o lado esquerdo da mesma. Repita o procedimento para o lado direito.
Estique a língua para fora, segurando-a com um pedaço de gaze ou pano, apalpe em toda a sua extensão com os dedos indicador e polegar da outra mão.
Examine o pescoço. Compare os lados direito e esquerdo e veja se há diferenças entre eles. Depois, apalpe o lado esquerdo do pescoço com a mão direita. Repita o procedimento para o lado direito, palpando com a mão esquerda. Veja se existem caroços ou áreas endurecidas.
Finalmente, introduza o polegar por debaixo da queixo e apalpe suavemente todo o seu contorno inferior.
O que procurar?
- Mudanças na aparência dos lábios e da porção interna da boca;
- Endurecimentos;
- Caroços;
- Feridas;
- Sangramentos;
- Inchações;
- Áreas dormentes;
- Dentes amolecidos ou quebrados;
Faça o auto-exame da boca mensalmente.
Se notar alguma anormalidade, procure imediatamente um dentista ou um médico.
Previna-se do câncer de boca reduzindo o fumo e o álcool e fazendo uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes.
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