quinta-feira, 19 de abril de 2012

Câncer de cabeça e pescoço


Câncer de cabeça e pescoço
O termo câncer de cabeça e pescoço envolve uma gama extensiva de tumores que acontecem em várias áreas da cabeça e da região do pescoço desde lábios, fossas nasais, seios paranasais, boca, garganta, laringe (caixa da voz), faringe, nódulos linfáticos, glândulas salivares e a glândula tiróide.
Cânceres que se desenvolvem no couro cabeludo, pele da face ou pescoço também podem ser considerados cânceres de cabeça e de pescoço. Os tumores ocorrem em múltiplas regiões e sub-regiões anatômicas (aproximadamente 35) e cada uma com sua história natural.
Requer tratamento multidisciplinar e multimodal. Em muitos países os pacientes chegam com doença avançada em aproximadamente 65% dos casos.

Epidemiologia:

  • Existe muita diferença entre os fatores causais nos diversos países, devido as diferenças e costumes sociais:
  • Em nosso meio está em 5º lugar na incidência em homens e em 7º lugar entre as mulheres.
  • Atinge mais em homens que em mulheres (3:1).
  • Idade acima de 50 anos tem maior incidência.
  • Tabagismo e alcoolismo associados podem aumentar em 15 vezes ao chance de desenvolver um tumor de boca ou laringe.
  • O HPV é frequentemente identificado nos carcinomas de boca e amígdala.
  • Existem outros fatores associados no desenvolvimento dos tumores de cabeça e pescoço que incluem: sífilis (câncer de língua), exposição ao sol (câncer de lábio inferior), exposição ao níquel (câncer de cavidade nasal e seios paranasais), trabalho com madeira (câncer de seio maxilar), deficiência crônica de ferro( tumores de esôfago superior), ingesta baixa de frutas e verduras e radiação ionizante ( tumores de glândula salivar e tireóide).

Rastreamento

Deve ser realizado principalmente nas pessoas que fumam e utilizam álcool há mais de 40 anos e que apresentem sintomas de cabeça e pescoço que perdurem por mais de 4 semanas, devem ser cuidadosamente investigados.

As alterações pré-malígnas na boca são:

  • Leucoplasias: consiste em placa esbranquiçada e está associado a incidência de 5-10% de câncer e 50% se a lesão for na língua.
  • Eritroplasias: consiste em lesão avermelhada de aspecto aveludado e apresenta uma incidência de 80-90% de displasia severa ou carcinoma in situ.
  • Feridas ulceradas na boca.

Outros sintomas

  • Rouquidão persistente.
  • Caroço no pescoço que seja maior que 2cm ou tenha aparecido há mais de 2 meses.
  • Dor no ouvido e ou congestão nasal persistente.
  • Dor ou dificuldade pra engolir e emagrecimento.
Apresentando alguma destas sintomatologia um médico especialista em cancerologia, cabeça e pescoço ou otorrinolaringologista deve ser consultado para dar inicio na investigação diagnóstica.

Diagnóstico

O inicio de uma investigação de tumores de cabeça e pescoço inicia-se com minuciosa anamnese ( história clínica dos sinais e sintomas), seguida de um exame clínico de cabeça e do pescoço.

A confirmação diagnóstica vem com exames subsidiários:

  • Laringoscopia direta ou indireta;
  • Biópsia (por punção ou fragmento);
  • Ultra-sonografia com ou sem punção de nódulos pequenos de tireóide ou outros para confirmação diagnóstica;
  • Tomografia computadorizada de cabeça e pescoço;
  • Ressonância magnética (mais utilizada em base de crânio). Vem complementar a tomografia;
  • Rx do tórax, broncoscopia e endoscopia digestiva alta: investigação do pulmão e esôfago, já que aproximadamente 18-20% dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço tem um segundo tumor primário em esôfago ou pulmão;
  • Além de outros exames que podem ser solicitados para elucidação do caso clínico.

Estadiamento

Para um planejamento eficaz do tratamento é fundamental um estadiamento preciso, onde é considerando o tamanho do tumor, as sub-regiões acometidas, os linfonodos(gânglios linfáticos) comprometidos e presença de doença à distância (metástase). A classificação utilizada é o TMN 6ª edição ,2003.

Tratamento

Tratamento é individualizado e baseado no estadiamento TNM. O tratamento curativo está baseado na ressecção cirúrgica do tumor. A radioterapia também tem poder curativo em lesões pequenas menores que 2cm. Mas na grande maioria dos casos a cirurgia vem acompanhada de radioterapia pós-operatória para consolidar o tratamento. A quimioterapia tem espaço para tratamento paliativo em tumores recidivados de cabeça e pescoço. Mas tem papel fundamental se o tipo de câncer for linfoma ou rabdomiossarcoma.
Podemos associar a quimioterapia com radioterapia para tratar alguns tumores de cabeça e pescoço para preservação do órgão, com respostas próximas ou semelhantes à cirurgia.

Formas de tratamento no tumores de cabeça e pescoço:

  1. Cirurgia
  2. Radioterapia
  3. Quimioterapia
  4. Iodoterapia
  5. Traqueostomia de emergência (orifício cirúrgico realizado na traquéia para a passagem do ar, devido a obstrução tumoral acima da traquéia).
  6. Outros (laser de dióxido de carbono
No entanto existem várias modalidades de tratamento tanto cirúrgico como conservador. Temos sempre que individualizar o caso e adequar a melhor forma de tratamento com melhor ganho para o paciente.
A melhor forma de cura dos tumores de cabeça e pescoço é diagnóstico e o tratamento precoce .

Auto exame da boca

O que é o auto-exame da boca?

É uma técnica simples que a própria pessoa pode fazer, bastando que tenha um espelho e esteja num ambiente bem iluminado. A finalidade deste exame é identificar lesões precursoras do câncer de boca, uma doença curável se tratada no seu início.

Como fazer o auto-exame da boca?

Atenção: Lave bem a boca e remova próteses dentárias se for o caso.
  1. De frente para o espelho, observe a pele do rosto e do pescoço. Veja se encontra algum sinal que não tenha notado antes. Toque suavemente com as pontas dos dedos todo o rosto.
  2. Puxe com os dedos, o lábio inferior para baixo, expondo a sua parte interna (mucosa). Em seguida, apalpe todo o lábio. Puxe o lábio superior para cima e repita a palpação.
  3. Com a ponta do dedo indicador, afaste a bochecha para examinar a parte interna da mesma. Faça isso nos dois lados.
  4. Com a ponta do dedo indicador, percorra toda a gengiva superior e inferior.
  5. Introduza o dedo indicador por baixo da língua e o polegar da mesma mão por baixo do queixo e procure palpar todo o assoalho da boca.
  6. Incline a cabeça para trás e abrindo a boca o máximo possível, examine atentamente o céu da boca. Palpe com o dedo indicador todo o céu da boca. Em seguida diga ÁÁÁÁ... e observe o fundo da garganta.
  7. Ponha a língua para fora e observe a parte de cima. Repita a observação com a língua levantada até o céu da boca. Em seguida puxando a língua para esquerda, observe o lado esquerdo da mesma. Repita o procedimento para o lado direito.
  8. Estique a língua para fora, segurando-a com um pedaço de gaze ou pano, apalpe em toda a sua extensão com os dedos indicador e polegar da outra mão.
  9. Examine o pescoço. Compare os lados direito e esquerdo e veja se há diferenças entre eles. Depois, apalpe o lado esquerdo do pescoço com a mão direita. Repita o procedimento para o lado direito, palpando com a mão esquerda. Veja se existem caroços ou áreas endurecidas.
  10. Finalmente, introduza o polegar por debaixo da queixo e apalpe suavemente todo o seu contorno inferior.

O que procurar?

  • Mudanças na aparência dos lábios e da porção interna da boca;
  • Endurecimentos;
  • Caroços;
  • Feridas;
  • Sangramentos;
  • Inchações;
  • Áreas dormentes;
  • Dentes amolecidos ou quebrados;
Faça o auto-exame da boca mensalmente.
Se notar alguma anormalidade, procure imediatamente um dentista ou um médico.
Previna-se do câncer de boca reduzindo o fumo e o álcool e fazendo uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes.

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