Malária
1. DEFINIÇÃO
Doença infecciosa mortal, causada por um protozoário (parasita) unicelular, do grupo Plasmodium, principalmente das espécies vivax e falciparum. Esta doença é transmitida aos humanos, por meio de uma picada de fêmea de mosquitos do género Anopheles, que injectam o parasita Plasmodium, que se dirige directamente ao fígado e seguidamente à corrente sanguínea aniquilando os glóbulos vermelhos tornando as pessoas anémicas. Outras formas de transmissão da doença, será por meio de transfusões de sangue ou até mesmo partilha de seringas infectadas com o Plasmodium.
2. ORIGEM
Malária proveio da expressão italiana “ mau Aire”, que significa “ mau ar”, visto que antigamente se acreditava que a doença era causada pelas emanações e miasmas dos pântanos, principalmente africanos.
3. TRANSMISSÃO
A malária é transmitida através de uma picada de um mosquito infectado, que suga o sangue necessário para o seu desenvolvimento ovular. A transmissão mais comum é no interior das habitações, em áreas rurais e nas periferias urbanas. A transmissão da malária pode dividir-se em:
3.1 Transmissão natural
É aquela em que o Plasmodium é introduzido no organismo humano por meio da picada de uma fêmea de Anopheles infectada, que suga o sangue humano necessário para o seu desenvolvimento ovular. Esta é portador de esporozóitos nas suas glândulas salivares que se irão desenvolver quando injectados no organismo humano.
3.2 Transmissão Induzida
Transmissões não naturais onde algum descuido ou erro humano está em causa, são exemplos dessa transmissão:
- Transfusão de sangue que passam nos testes de parasitemia;
- Uso compartilhado de agulhas e/ou seringas por usuários drogados;
- Da gestante para o filho, antes ou durante o parto;
- Acidentes de trabalho em Hospitais e Laboratórios.
A fêmea Anopheles adquire a malária após 8 -16 dias de picar um ser humano infectado. A partir desse momento está totalmente apta a transmitir a doença através da sua picada que tem um ciclo regular de 2 a 3 dias.
4. CICLO DO PLASMODIUM
As fêmeas Anopheles colocam os seus ovos em colecções hídricas adequadas, tais como: lagos, rios, pântanos, etc., pois todos estes possuem um baixo teor em matéria orgânica. Os ovos colocados são isolados e permanecem à superfície, devido à sua pequena dimensão (0.5mm) e por possuírem flutuadores laterais. Dos ovos surgirão larvas, que se transformarão em pupas e estas por sua vez em adultos. Este desenvolvimento do ovo varia entre 7 a 20 dias . As fêmeas são fecundadas apenas uma vez, mas colocam ovos férteis a cada 2 dias durante toda a sua vida (30 dias). Factores como a temperatura, humidade do ar e luz podem ou não contribuir para este tempo de vida. Uma temperatura de cerca de 25º a 30º, uma humidade de 40º a 50º, e uma baixa luminosidade, são níveis óptimos para a sobrevivência da fêmea, logo as altas temperaturas, as altas humidades em África explica a grande existência desta fêmea. Importante lembrar, é o facto dos mosquitos não transmitirem a malária quando nascem, isto só ocorrerá após alguns dias de se alimentarem do sangue animal ou humano ingerindo o Plasmodium. Após a picada, o mosquito suga o sangue que contem os gametócitos, estes rompem as membranas dos glóbulos vermelhos e tornam-se livres no estômago do Anopheles. O núcleo dos gametócitos divide-se em faixas de cromatina. Os gametócitos femininos sofrem maturação e o seu núcleo move-se para a superfície e o sofre uma pequena elevação. Se houver gâmeta masculino dá-se a fecundação (união nuclear), formando o zigoto. Esta fecundação dá-se num espaço de 20 minutos a 2 horas. O zigoto por meio de movimentos de contracção sobe até ao épitelio do mosquito e é cercado por um cisto (membrana elástica) formando os oócisto que quando maduros rompem e libertam esporozóitos que se espalham por todo o organismo do mosquito. O número de esporozóitos é cerca de 10.000. A maioria dos esporozóitos penetra as glândulas salivares embebendo-se no seu citoplasma. Após picarem um organismo não infectado com o parasita, estes entram nos glóbulos vermelhos e recomeçam o seu ciclo assexuado. Um único Anopheles pode infectar uma ou mais pessoas.
5.CICLO NO HOMEM
O ciclo no homem inicia-se quando este é picado pelo mosquito, libertando saliva que funcionará como anticoagulante contendo esporozóitos. Estes dirigem-se à corrente sanguínea e após 30 minutos dirigem-se ao fígado, mais precisamente ás células hepáticas, onde se multiplicam por mitose designando-se então de criptozóites, que continuam o processo de multiplicação por esquizógonia (divisões nucleares sucessivas no qual a membrana será a ultima a dividir), estes originam os merozóitos, que entram directamente nas hemácias (Glóbulos Vermelhos) onde continuam as divisões mitóticas, durante 6 a 8 dias sem induzir malária. As hemácias infectadas saem em períodos regulares de 2 dias provocando então os primeiros sintomas da malária, esta células rompem-se e libertam os merozóitos no plasma e o processo ocorre sequencialmente por todas as células do sistema circulatório. Após o período de reprodução assexuada, alguns desses merozóitos tornam-se gametócitos e se o mesmo ser humano for picado novamente por uma fêmea Anopheles dar-se-á o início de um novo ciclo de transmissão. A fagocitose e produção de anticorpos pelo organismo humano são duas das formas de impedir a multiplicação. O crescimento dos parasitas nos glóbulos vermelhos é acompanhado por perturbações destas, aparecendo então três espécies denominadas Shüffner (Plasmodium vivax), Maurer (Plasmodium falciparum) e Zimann (Plasmodium malarie). Estes grânulos contêm uma grande concentração de antigéneos, que devido a Voller foram identificados através da fluorescência, contribuindo para a descodificação e produção de anticorpos.
6.ESPÉCIES DE MOSQUITOS
Anopheles (Nyssarhynchus) darlingi – Root, 1926 Anopheles (Nyssarhychus) albitarsis – Lynch Arribalzaga, 1878 Anopheles (Nyssarhychus) deaneorum – Rosa Freitas, 1989 Anopheles (Nyssarhychus) aquasalis – Curry, 1932 Anopheles (Kerteszia) cruzii – Dyar& Knab, 1908 Anopheles (Kerteszia) bellator - Dyar& Knab, 1908
7.PLASMODIUM FALCIPARUM
O protozoário Plasmodium foi descoberto pelo médico do exército francês Charles Louis Alphonse Laveran.
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8.SINTOMAS
- Febre alta (40º);
- Suores abundantes;
- Calafrios;
- Dores de cabeça;
- Falta de apetite;
- Náuseas e vómitos;
- Anemia;
- Icterícia (coloração amarela na pele e olhos);
- Cansaço;
- Dores abdominais e corporais;
- Diarreia;
Sintomas em fases graves da doença:
- Insuficiência renal;
- Ataques epilépticos;
- Confusão mental.
9.TIPOS DE DOENÇAS
A malária envolve 4 tipos, que diferem entre si, na incidência do parasita a nível do organismo do ser humano, na rapidez do parasita alastrar a doença e na resistência oferecida aos tratamentos. Os tipos são o Plasmodium vivax, Plasmodium Ovale, Plasmodium malarie e Plasmodium falciparum, sendo este ultimo o mais fatal e preocupante, pois existe maioritariamente em África.
10. PREVENÇÃO
- Insecticidas potentes e tóxicos;
- Uso de redes mosquiteiras (à base de deltametrina);
- Uso de Telas nas janelas e nas portas;
- Cremes repelentes (DEET);
- Roupa a cobrir o corpo, evitando assim a picada pois o mosquito não tende a picar mãos e cara;
- Drenagem de pântanos e águas paradas;
- Evitar a permanência em ar livre nos horários mais nocturnos.
A vacina da malária não existe embora por vezes possa ser confundida pela vacina contra a febre-amarela. Outras medidas de prevenção envolvem o impedir do desenvolvimento das espécies, chamadas medidas quimioprofilácticas que se baseiam em medicamentos que evitam a multiplicação do Plasmodium. Alguns destes anti-maláricos já se mostraram ineficazes frentes à resistência adquirida pelo protozoário.
10.1 Pontos A Ter Em Causa
- Tempo de permanência na área malarígena;
- Tipo de habitação a ser ocupada no local;
- Recursos médicos na área.
11. TRATAMENTO
Os diferentes tipos de malária são curados de diferentes formas. Os medicamentos
anti-maláricos baseiam-se principalmente em Mefloquina ou Cloroquina.
Ambos estes medicamentos são feitos com base na quinina (ou o seu
ísomero quinidina), que são extraídos da Cinchona. O
primeiro medicamento tem limitações, nomeadamente no que diz respeito à
administração a crianças, sendo mesmo contra indicado visto alterar a
condução cardíaca e mesmo ataques epilépticos. A Cloroquina não deve mais ser usada, visto o Plasmodium falciparum já oferece resistência a este fármaco. A
mistura destes dois fármacos (cocktails) também é utilizada pois os
parasitas apenas oferecem resistência a cada um dos fármacos. Ultimamente
a artemisinina, extraída de uma planta chinesa, tem dado resultados
importantes, pois esta produz radicais livres em contacto com o ferro
existente nas hemácias, destruindo o parasita. No
entanto o inconveniente desta planta é a sua existência em pequenas
quantidades, mas poderá desenvolver-se em África a baixos custos. Este
fármaco é o único ao qual o parasita actualmente não oferece
resistência. Em suma o tratamento farmacológico
da malária baseia-se na susceptibilidade do parasita aos radicais livres
e substâncias oxidantes, morrendo este agente com concentração
inferiores ás que causariam a morte para as célula Humanas.
12. DIAGNÓSTICO
12.1 Diagnóstico Clínico
O Elemento fundamental do diagnóstico é sempre pensar na possibilidade de possuir a doença. É
importante no exame clínico recolher informação sobre a área de
residência ou a área onde o indivíduo foi infectado. Alem disso,
informação acerca de transfusões de sangue, partilha de seringas e/ou
agulhas. Os sintomas também representam uma importante informação para o
diagnóstico.
12.2 Diagnóstico Laboratorial
O
Diagnóstico 100% correcto da infecção da malária só é possível pela
demonstração do parasita, ou de antigenios relacionados no sangue
periférico através dos seguintes métodos diagnósticos:
- Gota espessa: método de baixo custo e de fácil realização, baseia-se na visualização do parasita através de microscopia após coloração com Azul-de-metileno, permitindo a diferenciação.
- Esfregaço delgado: método seguro que permite a diferenciação específica do parasita, a partir de uma análise morfológica.
- Testes imunocromatográficos: métodos rápidos, realizados com fitas de nitrocelulose contendem anticorpos contra os antigenios do parasita.
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